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Hospital do Seixal: mais uma miragem no deserto da Margem Sul?

O ministro Mário Lino, que tanto tem sido criticado por ter colocado o epíteto de deserto à Margem Sul, afinal de contas tinha razão. A Margem Sul é, de facto, um deserto; tudo leva a crer que isso é um facto, e tanto mais é assim que o Governo não quer gastar dinheiro no deserto, o que justifica o adiamento inaceitável da construção do novo hospital do Seixal. Vem isto a propósito das declarações do autarca do Seixal ao jornal Público. O Presidente de Câmara do Seixal, Alfredo Monteiro, afirma que o Governo está a falhar no cumprimento dos compromissos assumidos com a autarquia e com a Margem Sul, e mais: a ausência deste projecto no Orçamento de Estado de 2008 é um mau prenúncio.
Mas voltando ao ministro das Obras Públicas, muitos dirão que o Eng. Mário Lino já foi criticado o suficiente. Mas a verdade é que este texto não configura apenas uma crítica, mas talvez explane um conjunto de evidências. O ministro das Obras Públicas fez questão de salientar a ausência de comércio, indústria, escolas e, claro está, hospitais, por conseguinte, o ministro tem alguma razão; e talvez inopinadamente acabou por mostrar as intenções do Governo em manter a Margem Sul um deserto.
O Hospital do Seixal não pode deixar de ser uma realidade, tendo em conta as dificuldades que o hospital Garcia da Orta, em Almada, faz face diariamente. A sobrelotação do hospital de Almada é mais uma evidência, mas desta vez demasiado onerosa para as populações de vários concelhos.
O famigerado aeroporto vem, depois de muitas aventuras, para o deserto da Margem Sul. Mas o Governo não se pronuncia sobre uma obra que, embora não tenha o impacto estratégico de um aeroporto internacional, não deixa de ser vital para muitos milhares de portugueses que vivem na Margem Sul do Tejo.
A política do Governo para a Saúde tem sido pautada pelos encerramentos e por muitas incongruências. Por muito que o ministro da Saúde se desdobre em explicações, a verdade é que os portugueses têm a indelével sensação de que se está a encerrar – nem sempre com a acuidade exigida – em nome de interesses, e apenas, em nome de interesses economicistas. Em tais circunstâncias, é natural que se desconfie do silêncio do Governo sobre esta matéria. Será que o hospital do Seixal vai ser uma realidade, ou ao invés, não passa de uma miragem no deserto?

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