Com o aproximar do final de ano, é altura de se perspectivar o ano que se segue, e inevitavelmente acaba-se por se formular desejos para esse ano que está prestes a iniciar. Infelizmente, tudo indica que o ano que agora está a chegar não vai ser o ano da retoma económica. O ano de 2008 será muito provavelmente um prolongamento do ano que agora finda: novas dificuldades para os cidadãos, irreversibilidade do problema do desemprego, profusão de novas formas de precariedade laboral, e por aí fora.
Já não seria mau que o primeiro-ministro levasse a cabo, durante o ano de 2008, as reformas prometidas para a Administração Pública. Este é um problema premente e cujas indecisões custam caro ao país. Também seria útil que o famigerado pacto para a Justiça fosse além do mero acordo de intenções entre os dois principais partidos políticos.
Em todo o caso, a Saúde necessita de melhores dias para 2008. Importa ter presente que o encerramento de unidades que prestam serviços fundamentais à salvaguarda da saúde dos utentes é, em muitos casos, prejudicial à qualidade de vida de muitos cidadãos. Por outro lado, não esqueçamos as condições pouco aceitáveis de funcionamento de muitas unidades hospitalares e a ausência de uma rede de cuidados paliativos. Enfim, a lista é extensa, e por muito que se possa defender uma concepção de Estado diferente da que vigora hoje, a Saúde não pode ser vendida aos privados, pedaço por pedaço; é isso que acontece, porém, quando se descura a qualidade dos serviços, quando se encerra unidades hospitalares e outros serviços médicos, abrindo, desta forma, espaço a unidades médicas privadas. O Estado não se pode demitir da tarefa de garantir serviços médicos que não roubem a dignidade dos cidadãos. Felizmente, ainda não vivemos sob o jugo de uma ditadura dos mercados, embora por vezes pareça que assim é.
Muito mais se poderia almejar para a educação, mas por razões economicistas – política central do actual Governo –, sublinha-se apenas um elemento que é indissociável de uma educação para o futuro: a qualidade do ensino.
Mas talvez mais do que tudo o que já foi explanado, exigir-se-ia uma classe política digna desse nome. Seria profícuo para o país que se debelasse a inanidade que reina entre os políticos, a começar no principal partido da oposição. 2008 está a começar e também será uma boa altura para olharmos para nós próprios como cidadãos; olharmos para a nossa letargia, para o nosso desinteresse, para a nossa pequenez de ideias, para o nosso adormecimento – factores que contribuem decisivamente para o arrastar da funesta situação do país.
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