A socialista Ana Benavente publicou um artigo no jornal Público em que mostra a sua indignação quer pelo silêncio no seio do seu partido, quer pelo estado do país. O artigo de Ana Benavente é digno de nota por ser representativo de uma das poucas vozes dissonantes no Partido Socialista. De facto, a acção política do PS tem-se pautado ora pelo silêncio, ora pelo seguidismo. Não obstante a actuação do Governo ter sido caracterizada por fracassos, incumprimentos e por estado geral de azia do Executivo, o que é certo é que o PS mantém-se silencioso e complacente para com o Governo.
Não se percebe muito bem as razões que subjazem a esse silêncio no seio do PS; ou melhor, talvez até se perceba se quisermos aceitar que a obediência ao chefe é transversal a todo um partido político. Exceptuando a voz – sempre incomoda – do deputado Manuel Alegre e de militantes como o do caso já aqui referido, não se vislumbra qualquer indicio de vida num partido que em muito se assemelha ao país – pelo menos no que diz respeito à letargia que parece ser elemento recorrente.
Um partido, mesmo que seja o partido actualmente no Governo, não pode prescindir do pensamento, da crítica e do debate de ideias. O estado de um partido como o PS só vem confirmar a ideia de que a vida político-partidária é incomensuravelmente pobre.
Por outro lado, assiste-se à paulatina degradação da vida da generalidade dos portugueses. Nem se sabe muito bem qual é a capacidade dos portugueses aguentarem esta situação de retrocesso nas suas vidas. Consequentemente, impõe-se as seguintes questões: Até quando? Até quando os cidadãos deste país vão aguentar um presente comprometido e um futuro sem esperança? Até quando se vai tolerar a arrogância inexorável deste Governo? Até quando vamos permanecer inertes à espera de dias melhores?
É curioso verificar que o Governo, apesar do irresolúvel problema do desemprego, da queda brutal do poder de compra, da ostracização dos funcionários públicos e do trabalho precário como matiz de uma economia perra, continua na sua senda por uma reeleição em 2009. Parece ser um facto mais ou menos aceite por quase todos. É verdade que a oposição não parece oferecer uma alternativa digna desse nome, e só por essa razão se pode explicar a relativa popularidade do actual Executivo. É lamentável que a classe política tenha pouco a oferecer aos portugueses.
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