O país atravessa uma crise que nem o orçamento proposto para 2008 vem contrariar, ou sequer atenuar. Os portugueses sentem crescentes dificuldades, assistindo quase impotentes a um acentuado retrocesso nas suas vidas. O desemprego sobe – não havendo soluções milagrosas para inverter essa tendência; a fraca qualificação dos recursos humanos fragilizam a economia do país, e paradoxalmente a educação continua sem rumo, ou melhor, vai no caminho errado. A reforma da Administração Pública é absolutamente incipiente e fica muito aquém do que seria necessário. Enfim, a lista seria infindável, porém, o primeiro-ministro parece bem lançado para continuar o seu “projecto” para o país depois de 2009, altura das próximas legislativas.
Ora, é com este pano de fundo que se poderá questionar se a reeleição de José Sócrates será assim tão provável. Apesar de todos os insucessos, de todas as incongruências e de alguns atropelos mais ou menos explícitos às liberdades dos cidadãos, a reeleição é uma forte probabilidade. As razões que subjazem a esta tese prendem-se essencialmente com a ausência de uma forte oposição ao Governo – oposição essa que está para vir ou que nunca virá. A tibieza da classe política portuguesa é uma realidade insofismável que condena o país a repetir os erros do passado.
Será que as críticas ao Governo têm, de facto, fundamento? Têm, senão vejamos: o estatuto do aluno proposto pela maioria PS é o paradigma máximo do facilitismo e da desresponsabilização, denotando a filosofia deste Governo para a educação. Com efeito, a vontade política no sentido de conferir à educação alguma qualidade é inexistente. Contam apenas as estatísticas – vale tudo para impedir os alunos de abandonarem o sistema de ensino. E mais: não é apenas o estatuto do aluno que é incompreensível, a própria filosofia da escola que coarcta qualquer esperança num país mais desenvolvido.
Mas se quisermos mais exemplos, viajemos agora até um hospital público, e visitemos as urgências desses hospitais, somos imediatamente confrontados com o maior atentado à dignidade dos portugueses que têm o infortúnio de necessitar desses cuidados de saúde. Se por um lado entende-se a dificuldade de gerir um ministério como o da saúde, por outro não se pode aceitar o recurso incessante a cortes cegos que põem em causa a saúde de uma população que já por si é fragilizada, tendo em conta que necessita de cuidados médicos – designadamente a população mais idosa.
Os dois exemplos acima explanados são representativos da actuação de um Governo que contribui para o retrocesso da qualidade de vida dos cidadãos deste país. E recorde-se que nem tudo se esgota em questões de parcimónia orçamental, muito está intimamente relacionado com o cruzamento de um socialismo de trazer por casa com o neoliberalismo mais selvagem. Note-se ainda que o PS é um partido vazio de ideias que se limita a seguir incondicionalmente o primeiro-ministro e o Governo. E assim caminhamos para um futuro que ninguém acredita que venha a ser melhor. De qualquer modo, o primeiro-ministro, José Sócrates, caminha a passos largos, e sem grandes óbices, para 2009.
Comentários