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Nova oportunidade para a paz no Médio Oriente

No dia 27 de Novembro, o Presidente americano Bush vai presidir a uma negociação de paz em Annapolis, Maryland. Esta negociação visa apresentar progressos na resolução do conflito israelo-palestiniano. Não obstante, o pessimismo que paira sobre este encontro, não podemos deixar de sublinhar a importância que a participação de países como a Arábia Saudita, Egipto ou Síria têm para fortalecer a ideia de que a paz nesta região conturbada não pode ser eternamente adiada. Consequentemente, a participação destes países mais a presença quer de Ehud Olmert, quer de Mahmoud Abbas são sinais de esperança.


A discussão sobre temas intricados como o futuro Estado Palestiniano, a questão dos refugiados ou o problema de Jerusalém vão fazer parte da agenda. Embora haja a tendência generalizada para realçar as fragilidades desta negociação, designadamente a tibieza do Presidente americano, a divisão dos territórios palestinianos – o Hamas continua a controlar a faixa de Gaza –, é possível olhar para esta oportunidade como sendo uma nova tentativa no sentido de relançar o processo de paz.

É curioso verificar que esta negociação vai ser presidida pelo Presidente americano que sempre se manteve um pouco distante de quaisquer tentativas de fazer da paz na região uma prioridade. Relembre-se que toda a acção do Presidente americano revelou uma insignificância assustadora e que contrastou com o seu antecessor Bill Clinton, que apesar dos sucessos e insucessos nesta matéria, não poupou esforços para contribuir para uma pacificação da região.

A participação americana no processo de paz do Médio Oriente deveria ter sido uma prioridade da actual administração. De resto, a constante turbulência que se vive no Estado hebraico e nos territórios palestinianos tem um sido um rastilho de pólvora aproveitado por quem apregoa o radicalismo islâmico que está subjacente ao terrorismo. Com efeito, a politica americana para a região pautou-se por um acentuado desinteresse e a inabilidade política do actual Presidente, nesta e noutras questões, é um facto que contribuiu para a perpetuação do conflito.

Contudo, não deixa de ser uma boa noticia que se tenha conseguido sentar à mesma mesa sírios, sauditas, jordanos, egípcios, israelitas e palestinianos – com os EUA a presidir ao encontro. O conflito que perdura há 60 anos extenuou tanto israelitas como palestinianos, e esse pode ser um factor decisivo para o relançamento da paz; não ignorando que hoje existe uma maior abertura destas sociedades. E se por um lado, a inviabilidade presente na criação de um Estado palestiniano parece evidente, graças à faixa de Gaza nas mãos do Hamas; por outro, a discussão sobre esta e outras matérias, com a participação do mundo árabe, é um bom presságio para o futuro da região.

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