Avançar para o conteúdo principal

O futuro do Kosovo

Numa altura em que se tem falado muito de Europa, muito por causa do acordo celebrado pelos 27 Estados-membros que poderá dar origem a um Tratado de Lisboa, não se pode ignorar um problema de resolução premente para a Europa – o futuro mais imediato do Kosovo.
Existem as naturais intenções do povo do Kosovo, de maioria albanesa, à sua independência que esbarram, todavia, nas pretensões sérvias de manter esta província sob a alçada sérvia. Pelo meio surgem dificuldades colocadas pela Rússia no sentido de uma aceitação dessa independência. As pretensões do Kosovo em conseguir uma soberania plena sobre a província necessitam de uma resposta por parte da comunidade internacional, mas essa resposta deve vir, desde logo, da União Europeia.
A União Europeia tem um claro óbice no que diz respeito à sua politica externa. As várias vozes que se ouvem dentro da UE, as dissonâncias entre as posições entre os vários Estados-membros não têm facilitado a resolução deste e de outros problemas. Com efeito, a participação da União Europeia na resolução deste impasse é um imperativo que não pode ser adiado por muito tempo, sob pena de se agravar a já existente instabilidade que se vive na região.
A Sérvia, mesmo depois de Milosevic, continua a pugnar por uma espécie de manutenção da integridade territorial do Estado, do qual, segundo o entendimento sérvio, o Kosovo faz parte integrante. Por outro lado, não se antevê melhorias para o povo do Kosovo que continua a viver num quadro de acentuada instabilidade, com problemas crescentes relacionados com o desemprego e a pobreza, caso a situação se mantenha na mesma. É com este enquadramento que urge uma solução para o Kosovo. E a União Europeia faz parte integrante dessa solução.
A Europa foi incapaz de lidar atempadamente com a guerra que eclodiu nos Balcãs, e tem demonstrado dificuldades na forma em como lida com o problema do Kosovo. Espera-se que a presidência portuguesa da União Europeia dê um forte impulso no sentido de, através de intensos esforços diplomáticos, conseguir dirimir este intrincado processo do Kosovo. Fica-se, de qualquer modo, com relativas certezas quanto à inevitabilidade do processo de independência desta província – manter-se tudo como está parece não ser promissor, e a opção diametralmente oposta nem sequer se pode equacionar. A União Europeia tem uma forte palavra a dizer sobre esta matéria – a sua voz pode ser ouvida, se for uma única voz.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa...

Direitos e referendo

CDS e Chega defendem a realização de um referendo para decidir a eutanásia, numa manobra táctica, estes partidos procuram, através da consulta directa, aquilo que, por constar nos programas de quase todos os partidos, acabará por ser uma realidade. O referendo a direitos, sobretudo quando existe uma maioria de partidos a defender uma determinada medida, só faz sentido se for olhada sob o prisma da táctica do desespero. Não admira pois que a própria Igreja, muito presa ao seu ideário medieval, seja ela própria apologista da ideia de um referendo. É que desta feita, e através de uma gestão eficaz do medo e da desinformação, pode ser que se chumbe aquilo que está na calha de vir a ser uma realidade. Para além das diferenças entre os vários partidos, a verdade é que parece existir terreno comum entre PS, BE, PSD (com dúvidas) PAN,IL e Joacine Katar Moreira sobre legislar sobre esta matéria. A ideia do referendo serve apenas a estratégia daqueles que, em minoria, apercebendo-se da su...

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação ...