Poderão as eleições de hoje representarem fim da era Kaczynski? Esta é a pergunta que certamente invade a mente dos polacos, mas também de uma Europa que olha com particular interesse para o desfecho destas eleições.
Antevê-se, desde logo, complicações políticas na formação do próximo governo polaco, isto se o partido de Jaroslaw Kaczynski não conseguir vencer as eleições de hoje. O seu irmão Lech Kaczynski, que ocupa o cargo de presidente polaco, já prometeu dificuldades na formação de um governo caso o seu irmão falhe a eleição.
A Polónia dos últimos 15 meses, tempo que dura o reinado dos irmãos Kaczynski, tem sido um país onde impera a putativa “renovação moral”, para além de questões que vêm na sequência da apologia de um nacionalismo exacerbado, mas exultado pelos irmãos Kaczynski. Do mesmo modo, a forma como a Polónia olha para a União Europeia está repleta de ambiguidades e contradições. A União Europeia é vista como uma excelente plataforma para se conseguir atingir metas económicas, mas paradoxalmente, o projecto Kaczinski procura defender intransigentemente os alegados interesses polacos num contexto de constante reafirmação da identidade polaca. Por outro lado, a tentativa de trazer de volta a pena de morte e a famigerada “purificação” comunista, na qual estes dirigentes polacos tentaram levar a cabo uma espécie de purga anti-comunista são elementos que mancham a imagem de um país que permanece dividido entre o conservadorismo e a modernidade.
As eleições de hoje poderão dar um sinal sobre as pretensões polacas relativamente ao futuro do país e ao futuro da integração europeia. O fim da era Kaczynski dificilmente chegará hoje, mas as eleições poderão indicar o chumbo do povo polaco ao projecto dos irmãos Kaczinsky. Do ponto de vista europeu, provavelmente muitos estarão a torcer para que isso aconteça. Seria muito mais agradável para a Europa que à frente dos destinos da Polónia estivesse alguém mais europeísta e menos radical nas suas propostas políticas. De um modo geral, as eleições de hoje poderão significar uma maior aproximação entre a Polónia e a própria União Europeia.
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