
O desfecho da eleição para a Câmara de Lisboa não foi muito diferente do que se estava à espera. De todas as leituras possíveis a que sempre foi mais fidedigna referia-se à elevada abstenção, e também aqui não houve lugar a previsões muito erradas. Na verdade, o tempo até ajudou a combater a abstenção, curiosamente este foi um domingo pouco soalheiro. Mas ainda assim, a elevada taxa de abstenção marcou estas eleições. Efectivamente a campanha eleitoral foi desinteressante, isto para não recorrer a uma adjectivação mais acutilante.
E é precisamente a falta de qualidade dos candidatos que provaram que a política em Portugal não é feita pelos melhores. Lisboa foi, uma vez mais, esquecida nesta campanha eleitoral. Do mesmo modo, não se poderá exigir aos portugueses um empenho muito maior quando os políticos são de tão fraco calibre. O mais grave, contudo, é o que ainda está para vir: tricas políticas, vitimizações pueris, falta de transparência, interesses que passam ao lado do bem-estar dos lisboetas.
A vitória de António Costa, um segundo lugar muito lisonjeiro de Carmona Rodrigues, um lugar menos positivo para Fernando Negrão, e uns resultados simpáticos para Helena Roseta, Ruben de Carvalho e José Sá Fernandes não auguram um futuro muito promissor para Lisboa. Não obstante as leituras políticas para o PSD (um mau resultado) e para o CDS-PP (um péssimo resultado), chega-se à conclusão que a Câmara de Lisboa está longe de ser constituída pelos melhores – o que era inviável, na medida em que os 12 candidatos não primaram pela qualidade.
Dificilmente, estas eleições representarão um virar de página para Lisboa. Espera-se, contudo, que António Costa e Helena Roseta possam dar um contributo mais positivo para a cidade, tendo em conta que os restantes já deram um mau contributo (uns mais do que outros) para Lisboa. O próximo episódio desta triste novela prender-se-á com possíveis coligações pós-eleitorais. Espera-se, desta forma, que o novo Presidente da Câmara saiba escolher, e que não cometa erros recorrentes.
E finalmente, uma outra ilação a retirar destas eleições: o distanciamento entre eleitores e partidos políticos: o PSD e o CDS-PP são os partidos mais castigados. Os bons resultados de Carmona Rodrigues e Helena Roseta são mais um sinal de cansaço dos eleitores. Sendo certo que a forma como Carmona foi afastado em conjunto com uma vitimização do mesmo, e em última instância, a inexistência de uma liderança forte do PSD beneficiaram largamente a candidatura de Carmona Rodrigues. Em todo o caso, a distância entre eleitores e partidos políticos marcou indelevelmente o resultado das eleições. Os partidos políticos devem analisar cuidadosamente estes resultados.
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