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Contagem decrescente para as eleições intercalares de Lisboa


Aproxima-se vertiginosamente o dia das eleições para a Câmara Municipal de Lisboa. A campanha eleitoral deu-nos a conhecer, por um lado, a extraordinária falta de qualidade dos candidatos, e por outro, que a questão de uma Câmara endividada ganha ou perde importância em função dos interesses dos candidatos. No meio desta miscelânea de indigência intelectual e hipocrisia ficam os cidadãos de Lisboa sem conhecerem exactamente qual é o estado financeiro da Câmara. Esta semana os jornais noticiaram que a Câmara de Lisboa viu a sua dívida crescer significativamente nos últimos anos.

Contudo, na pobreza que tem sido a campanha de alguns candidatos que se dividem entre sardinhadas e ataques aos adversários, a questão do saneamento financeiro da Câmara parece ter passado para um segundo plano. Após algumas propostas elaboradas por alguns dos candidatos com a finalidade de combater a dívida de curto prazo, a questão foi-se desvanecendo com as tricas entre candidatos com acusações mútuas de falta de transparência.

Note-se que a questão do endividamento e a da forma despicienda como alguns candidatos a perspectivam é também consequência de uma mentalidade predominante no nosso país: em primeiro lugar, conquistamos o poleiro, e depois fazemos frente às despesas recorrendo ao subterfúgio do costume, ou seja recorrendo a empréstimos bancários que representarão uma herança pesada para as gerações futuras. É esta mentalidade que tanto tem prejudicado o país – a procura da satisfação das necessidades a curto prazo e o pagamento da satisfação dessas necessidades a longo prazo e a elevados custos.

É esta ausência de visão estratégica que tem marcado esta campanha. E mais grave: aqueles que têm responsabilidades directas no estado lastimoso a que chegou a Câmara fazem a sua campanha manifestamente populista, agindo como se não tivessem responsabilidades na matéria. A campanha tem sido marcada pela falta de visão estratégica, mas também pela hipocrisia de alguns aliada à gula por lugares da administração central. Lisboa merecia melhor do que esta amálgama de interesses, vitimizações, irresponsabilidades e hipocrisia.

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