Se há um consenso no nosso país, esse consenso existem em torno da importância da educação. Mas é precisamente nessa área que não assistimos à evolução tão ambicionada. O problema não é novo e resiste às políticas avulsas dos sucessivos governos. Não é certamente com os paliativos do costume que se vai resolver este óbice que inviabiliza o desenvolvimento do país. Nem tão-pouco é excessivo afirmar que a educação sucumbe paulatinamente ao facilitismo e às políticas crispadas de uma ministra que insiste em não perceber que a educação é muito mais do que políticas congeminadas em gabinetes.
O Governo, na sua infindável sapiência, ainda não mostrou ter visão estratégica nesta área absolutamente crucial para a modernização do país. Anuncia operações de cosmética como se fossem políticas de fundo verdadeiramente dinamizadoras e inéditas. O primeiro-ministro faz da educação e da formação dos recursos humanos a bandeira da sua governação, utilizando eximiamente a sua capacidade para servir-se dos meios de comunicação social, e parece mesmo que está determinado em modernizar o país. Todavia, quando se vai para além dos discursos sonantes, do ímpeto reformista, da imagem de líder, o que é que fica? A vacuidade. Não existem ideias, e os problemas persistem.
A existência de alunos que abandonam precocemente a escola, a violência e a brejeirice são uma realidade conhecida por muitos professores; por outro lado, o défice de ambição no que diz respeito à luta contra o insucesso em disciplinas nucleares como a matemática e o português caracteriza uma governação de vistas curtas. Estes são apenas alguns problemas que infestam esta área estratégica para o país, e ainda assim, alguém consegue honestamente afirmar que o Governo, na inefável pessoa da ministra da Educação, manifesta ter uma política que permita colmatar estas falhas?
Convenhamos que a postura do Governo – uma mistura de arrogância com inépcia mal disfarçada – não tem ajudado a fazer da educação um desígnio nacional. Num país pouco interessado seja pelo o que for, a educação é mais um dos inúmeros problemas que dizem respeito apenas aos outros. Ora, temos um Governo absorto na sua superioridade que ainda não percebeu que o sucesso da educação depende da concertação de esforços de toda a comunidade.
Enquanto se continuar a antagonizar os professores - fazendo passar a imagem falsa de uma classe profissional corporativa, incompetente e indolente - numa sociedade que se dividiu entre público e privado, está-se simplesmente a adiar a resolução dos problemas. Por outro, o país não está habituado a valorizar a educação e a cultura, por isso é pouco exigente e mantém-se distante destas matérias. Assim, verifica-se uma situação paradoxal: a importância da educação reúne consensos, mas os portugueses, exceptuando os intervenientes educativos, mostram-se desinteressados. E o Governo aproveita-se disso, não é por acaso que os funcionários públicos e, naturalmente, os professores, são agora uma espécie de párias da sociedade.
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