Esta semana foi notícia a espantosa quebra do poder de compra dos portugueses, acontecimento verdadeiramente notável tendo em conta que não se verificava uma queda tão acentuada há 22 anos! Esta é daquelas notícias que vem reforçar a ideia de que se vive cada vez pior em Portugal. Ou dito de outro modo, esta notícia é sintomática de um acréscimo substancial das dificuldades que fazem parte da vida de muitos cidadãos deste país, mas nem todos passam por esta experiência. No mesmo dia foi noticiado que os administradores do PSI20 viram as suas remunerações serem aumentadas exponencialmente. A conclusão é simples: as desigualdades sociais têm vindo a crescer, tanto mais é assim quando assistimos a estes desequilíbrios gritantes. As notícias em questão não são inócuas, de facto são mais um exemplo que confirma a existência de dois mundos equidistantes: um, daqueles que vivem com dificuldades e outro, daqueles que beneficiam largamente com este sistema neoliberal.
Se por um lado, muitos asseveram que a economia não tem uma moralidade própria, por outro, as consequências que advêm de determinadas políticas económicas são absolutamente imorais. Quando sabemos que a vida de uma larga maioria de portugueses é manifestamente compungida e que tem piorado nos últimos anos, a questão da moralidade torna-se onerosa. Com efeito, o aumento do custo de vida, o desemprego, a estagnação ou redução de salários, o endividamento, configuram a realidade de muitos cidadãos. Tudo isto numa lógica de baixos salários.
Os arautos do neoliberalismo encontram justificações para este triste cenário, que vão desde a baixa produtividade, passando pela parca formação dos recursos humanos, acabando na escassez de investimento e de exportações; ou ainda, culpabilizam o Estado por ser gastador e por constituir um óbice ao investimento. Pugnam por um Estado mínimo, cada vez menos social, pugnam pelas ditaduras dos mercados. Será este um modelo sustentável? É certamente para quem se alimenta de forma ávida deste sistema iníquo. Esquecem-se amiúde que as desigualdades sociais, a fraqueza de muitos perante a força de poucos, é o rastilho por excelência da instabilidade social que se traduz num enfraquecimento do sistema em questão.
Em Portugal observa-se que o aumento das desigualdades está a tomar proporções nunca antes vistas. Ora, a austeridade draconiana imposta pelo actual Governo veio aprofundar a clivagem social, e verifica-se mesmo que as políticas empreendidas pelo Executivo – justificadas com o desequilíbrio das contas públicas – estão a ter consequências dramáticas para muitos cidadãos deste país. Nem é expectável que os portugueses possam continuar a suportar as asneiras cometidas por muitos políticos iluminados. Dir-se-á que este Governo está precisamente a cercear essas imbecilidades, mas até quando? Até quando uma carga fiscal excessiva? Até quando a estagnação dos salários? Até quando é que se conseguirá fazer face ao aumento sistemático dos preços? Estas são as duras perguntas para as quais um pseudo socialismo sem rosto não dará resposta.
A realidade é esta e não é simpática: a equidade social em Portugal está a dar lugar a um pragmatismo económico que não é consentâneo com a consolidação da democracia. Pelo contrário, contribui antes para o seu definhamento. Enquanto se continuarem a verificar graves desigualdades, enquanto os portugueses continuarem a fazer uma ginástica inaudita com o objectivo de sobreviverem até ao fim do mês, enquanto muitos, que apesar de trabalharem, contribuindo assim para a viabilidade deste país passarem dificuldades que põem em causa a sua dignidade como seres humanos, conclui-se que a cegueira colectiva que afecta este Governo e alguns agentes económicos será precisamente o princípio do seu fim.
Se por um lado, muitos asseveram que a economia não tem uma moralidade própria, por outro, as consequências que advêm de determinadas políticas económicas são absolutamente imorais. Quando sabemos que a vida de uma larga maioria de portugueses é manifestamente compungida e que tem piorado nos últimos anos, a questão da moralidade torna-se onerosa. Com efeito, o aumento do custo de vida, o desemprego, a estagnação ou redução de salários, o endividamento, configuram a realidade de muitos cidadãos. Tudo isto numa lógica de baixos salários.
Os arautos do neoliberalismo encontram justificações para este triste cenário, que vão desde a baixa produtividade, passando pela parca formação dos recursos humanos, acabando na escassez de investimento e de exportações; ou ainda, culpabilizam o Estado por ser gastador e por constituir um óbice ao investimento. Pugnam por um Estado mínimo, cada vez menos social, pugnam pelas ditaduras dos mercados. Será este um modelo sustentável? É certamente para quem se alimenta de forma ávida deste sistema iníquo. Esquecem-se amiúde que as desigualdades sociais, a fraqueza de muitos perante a força de poucos, é o rastilho por excelência da instabilidade social que se traduz num enfraquecimento do sistema em questão.
Em Portugal observa-se que o aumento das desigualdades está a tomar proporções nunca antes vistas. Ora, a austeridade draconiana imposta pelo actual Governo veio aprofundar a clivagem social, e verifica-se mesmo que as políticas empreendidas pelo Executivo – justificadas com o desequilíbrio das contas públicas – estão a ter consequências dramáticas para muitos cidadãos deste país. Nem é expectável que os portugueses possam continuar a suportar as asneiras cometidas por muitos políticos iluminados. Dir-se-á que este Governo está precisamente a cercear essas imbecilidades, mas até quando? Até quando uma carga fiscal excessiva? Até quando a estagnação dos salários? Até quando é que se conseguirá fazer face ao aumento sistemático dos preços? Estas são as duras perguntas para as quais um pseudo socialismo sem rosto não dará resposta.
A realidade é esta e não é simpática: a equidade social em Portugal está a dar lugar a um pragmatismo económico que não é consentâneo com a consolidação da democracia. Pelo contrário, contribui antes para o seu definhamento. Enquanto se continuarem a verificar graves desigualdades, enquanto os portugueses continuarem a fazer uma ginástica inaudita com o objectivo de sobreviverem até ao fim do mês, enquanto muitos, que apesar de trabalharem, contribuindo assim para a viabilidade deste país passarem dificuldades que põem em causa a sua dignidade como seres humanos, conclui-se que a cegueira colectiva que afecta este Governo e alguns agentes económicos será precisamente o princípio do seu fim.
Comentários