Vivemos tempos em que as incertezas e as dúvidas imperam; dúvidas e incertezas sobre a vida social, política e económica. Contudo, existem algumas certezas, sendo o regresso da austeridade uma delas. A propagação do vírus e a subsequente paralisação das economias já está a ter um forte impacto nas mesmas. Como se sabe, nesta história tão bem conhecida, os responsáveis ficarão impunes (o dinheiro fala sempre mais alto) e serão os mais pobres e os remediados a pagar a factura. Assim sendo, espera-se o regresso da tão malfadada austeridade que se traduzirá na receita do costume: mais impostos para quem já os paga, menos rendimentos para quem trabalha. Paralelamente, não seria de rejeitar a possibilidade de novas privatizações, sobretudo quando os Estados forem chamados a pagar as dívidas que contraíram na sequência da epidemia. Creio que a nova austeridade pode vir acompanhada pelo recrudescimento e fortalecimento da extrema-direita. Com essa nova austeridade, virá o desespero...
Para a construção de uma sociedade justa e funcional é necessário que a política e que os políticos se centrem na consolidação de três elementos: a protecção do ambiente, o bem-estar social com a necessária eficácia económica e a salvaguarda do Estado democrático. No entanto, estamos a falhar clamorosamente o primeiro objectivo, o que faz com tudo o resto seja inexoravelmente sem importância.