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No reino das desigualdades

... e no reino da pobreza. Vem o título a propósito dos números do INE sobre a pobreza e sobre as desigualdades. Os números são arrepiantes: 24 % da população está em risco de pobreza. Mais de 700 mil pessoas vivem em pobreza severa. As desigualdades, embora tenham diminuído ligeiramente, são castradoras de qualquer sociedade que anseie ser saudável. Isto por si só deveria ser razão suficiente para fundamentar a natureza da própria política, pejada de escândalos de corrupção. Infelizmente muitas vezes não é assim.
No reino da pobreza e das desigualdades finge-se que está tudo bem, sobretudo depois de Passos Coelho, o homem que desconhecia ser necessário pagar Segurança Social e que possuía uma predilecção pela troika, ter deixado o reinado.
É indiscutível que o actual Executivo, coadjuvado pelos partidos à sua esquerda, tem procurado mitigar os elevados níveis de pobreza. Mas é tudo demasiado lento e demasiado incipiente. De resto, com as contingências externas e por vezes sem a necessária vontade política tudo parece uma utopia. Apenas uma utopia.
Finalmente, a promiscuidade entre poder político e poder económico configuram uma verdadeira vergonha nacional, sobretudo num país onde um quarto da população vivem com quatrocentos e poucos euros e muitos nem isso conseguem. Uma vergonha que ganha dimensões incomensuráveis no reino da pobreza e da desigualdade.

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