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A mostrar mensagens de fevereiro, 2013

Protestos II

Continuam os protestos contra membros do Governo, ainda antes da manifestação de 2 de Março. Desta feita foi o primeiro-ministro a ser recebido com protestos de alunos na Faculdade de Direito. A conferência, com o objectivo de discutir a reforma do Estado, foi organizada pela JSD. Todavia, nem os organizadores conseguiram conter mais um protesto contra o Executivo de Passos Coelho. De resto, o professor Marcelo, apesar de ontem não ter sido domingo, deixou a ideia de que o protesto acabou por não ser maior precisamente por se tratar de uma conferência organizada pela JSD, num auditório estrategicamente preenchido por quem ainda apoia este Governo. Estas últimas semanas mostram claramente que os membros do Governo não têm a capacidade de sair dos gabinetes sem que se deparem com protestos. Ora, resta muito pouco a um Governo que já não pode sair à rua. Noutros contextos, o primeiro-ministro já se teria demitido. Dir-se-á que se trata de um número ainda reduzido de pessoas

Stéphane Hessel

Stéphane Hessel, autor de Indignai-vos - uma verdadeira inspiração - faleceu na noite de terça-feira. Stéphane Hessel foi durante largas décadas uma voz activa que sempre se levantou contra as injustiças. O seu livro Indignai-vos serviu de inspiração a todos aqueles que vêem nos dias de hoje o crescendo dessas injustiças. Stéphane Hessel desapareceu, mas deixa um legado importante. O seu pensamento e a sua voz activa inspiraram milhões. Um homem que sentiu na pele a desumanidade dos campos de concentração, sempre pensou no colectivo, vivendo para combater as injustiças. No fundo Stéphane Hessel sempre foi um homem que acreditou no seu semelhante, uma qualidade rara, e com base nessa crença, o também diplomata contribuiu para que este mundo fosse um sítio um pouco mais agradável. Ontem desapareceu um homem singular e connosco fica o seu pensamento e o seu empenho que jamais esmoreceu.

Eleições em Itália

O resultado das eleições legislativas em Itália veio causar novo sobressalto nas hostes europeias e nos sacrossantos mercados. Das eleições resultou uma indefinição, não se podendo falar num "vencedor claro". A possibilidade de novas eleições é mais do que provável. Todos se preocupam com a instabilidade política, a começar pelos mercados e por quem defende os seus interesses. Esses, antes de qualquer instabilidade política, temem desde logo a democracia. E por falar em democracia, Mário Monti, o eleito pelos mercados, sofreu uma derrota que contribui para a tal sensação de instabilidade política - pelo menos na perspectiva dos mercados. Ao que tudo indica, o preferido dos mercados não foi o preferido dos Italianos. Com efeito, estas eleições estão longe de oferecer aos Italianos uma solução. Porém, há um sinal positivo: estas eleições mostraram que os cidadãos não estão sentem particularmente interessados em subscrever as escolhas das instituições europeias al

Sétima avaliação

Começa hoje a sétima avaliação da troika, por muitos considerada a mais importante. Os temas mais quentes prendem-se com os famigerados cortes na ordem dos quatro mil milhões de euros e a possibilidade de adiamento do cumprimento das metas. Há quem se convença que desta avaliação também poderá sair um reforço do investimento. Esta sétima avaliação ocorre no momento em que o Governo mostrou ter falhado todas as previsões. A ver vamos como é que Vítor Gaspar compensará esses graves erros de avaliação que impedem o cumprimento das metas. A sétima avaliação chega também na semana em que se prepara uma manifestação que poderá surpreender. É impossível prever a dimensão do evento marcado para dia 2 de Março, mas acredita-se que terá uma dimensão muito significativa. Importa relembrar que os partidos da oposição passarem uma boa parte do seu tempo a sublinhar a necessidade de uma mudança de estratégia, também em relação ao tempo concedido para cumprir as metas, o Governo sempre

Os desafios do PS

Miguel Relvas está convencido que o Governo de Passos Coelho está para durar - até 2015. Eu não teria tantas certezas, embora reconheça a probabilidade incrivelmente diminuta do Governo cair. Até lá os partidos da oposição têm de agir em conformidade, fazendo uma oposição com ideias e alternativas. Hoje discutiremos o PS que deixa muito a desejar no que diz respeito a ideias e alternativas. E para piorar, Francisco Assis entusiasma-se com a ideia do partido a que pertence - no rescaldo de umas próximas eleições e sem garantir uma maioria absoluta - se juntar à direita, referindo-se ao CDS como um parceiro mais natural do que o Bloco de Esquerda ou o PCP. O PS de António José Seguro passa grande parte do seu tempo a titubear, sendo essa a sua actividade predilecta. Ideias e alternativas escasseiam. A excepção terá sido a carta enviada pelo secretário-geral do partido, alertando a Troika para os riscos por demais evidentes de rupturas. O PS ideologicamente quer estar longe

"Grandolada"

Desde a semana passada têm-se sucedido episódios de manifestantes entoando a música Gr â nd o la, Vila Morena d e Zeca Afonso . Primeiro na Assembleia da República no momento em que o primeiro-ministro se preparava para falar, depois, por duas vezes, com o ministro Miguel Relvas, e ontem ainda, no momento em que o ministro da Saúde se preparava para falar. Outras intervenções semelhantes estão na calha. O Expresso Online noticia que "Vítor Gaspar é o próximo alvo da Grandolada". Ontem vários manifestantes que entoaram a célebre música de Zeca Afonso foram identificados. A que pretexto? Qual o crime? Há quem considere que esta forma de manifestação esbarra na liberdade de expressão do outro, designadamente de ministros, representantes indirectos do povo. E a discussão resume-se à questão do atropelo da liberdade de expressão de proeminentes membros do Governo como é o caso de Miguel Relvas. Como escrevi ontem, os outros atropelos ficam arredados da discussão. Ess

Respeito pela liberdade de expressão e por outras liberdades

Desde logo importa sublinhar a importância que a liberdade de expressão tem na democracia, tanto mais que se trata de um dos seus pilares. Ontem essa liberdade de expressão não terá sido respeitada no momento em que o ministro Miguel Relvas ia discursar numa conferência da TVI. Na quele momento - não esquecer que o ministro em questão pode fa zer us o da sua liberdade de expressão quando enten de, tendo ao s eu disp or instrumentos para o uso dessa mesma liberdade que não estão ao alcance do comum dos cidadãos. Ironicamente Miguel Relvas ia encerrar a conferência sobre o futuro do Jornalismo - Miguel Relvas a falar de "futuro" seja lá do que for é uma experiência, no mínimo, surreal. Este é um lado da discussão sobre o que se passou ontem. Todavia, há outros aspectos que não devem ser arredados desta discussão: os atropelos à Constituição (que no ano passado se auto-suspendeu); o desprezo gratuito pelos direitos dos cidadãos, de quem trabalha, de quem é pensionista

Protestos

Os membros do Governo mostram dificuldades crescentes em fazer aparições públicas. O primeiro-ministro já perdeu a conta das vezes em que se deparou com um protesto. O ministro Relvas tem tido dias recheados de manifestações de desagrado, mas a que se verificou ontem num debate em Gaia permite-nos tirar uma miríade de ilações. A primeira prende-se com os dotes musicais de Miguel Relvas. Já sabíamos muito sobre este ministro, mas desconhecíamos por completo a sua total incapacidade de cantar. Miguel Relvas canta manifestamente mal. Espera-se, no futuro, que o ministro não repita a experiência. A segunda ilação a retirar do pequeno protesto de ontem - pequeno, mas que causou mais do que simples incómodos - é que muita gente anda com os nervos à flor da pele, a começar no moderador do debate. Uma terceira ilação está intimamente relacionada com o descontentamento que se apoderou dos cidadãos. Já não há vontade para debates ou trocas de ideias. Muitos querem simplesmente a sa

Seguro escreve à Troika

É tempo de dizer basta, assegura o líder do maior partido da oposição numa carta dirigida à Troika. António José Seguro fala em "tragédia social". O significado político da carta é forte, o que não quer dizer que o seja do ponto de vista prático. O PS, agarrado ao memorando enquanto foi Governo e depois de o ser, procura assim distanciar-se das políticas do Banco Central Europeu, da Comissão Europeia, do Fundo Monetário Internacional e do Governo de Passos Coelho. Não se trata de uma ruptura, nem é essa a intenção de Seguro. Procura-se, isso sim, um distanciamento de políticas que estão, indubitavelmente, a destruir o país. A posição do líder do PS tem sido inconstante - ora está dentro ora esta fora (ou quer parecer que está fora) das receitas prescritas pela Troika e executadas com deleite pelo Governo. A carta de Seguro tem como objectivo ajudar a clarificar a posição do PS. Por um lado mostra-se insatisfeito com a austeridade em doses cavalares, mas mostra-

Fome

Com a miséria vem a fome. Portugal, para além de ter entrado numa espiral recessiva, entrou numa espiral de miséria. O primeiro-ministro, sorrindo perante versos de Zeca Afonso, conserva, perante esta e outras realidades, uma insensibilidade social gritante. O primeiro-ministro e o seu séquito mantêm-se irredutíveis nas políticas de empobrecimento. Não há equívocos - o país é para empobrecer, a miséria instala-se e com ela a fome. Na semana passada vimos imagens de gente faminta num país que abriu as hostilidades em matéria de austeridade. Por aqui, quem dirige o país, prefere outros exemplos, designadamente o da Irlanda, embora seja difícil encontrar paralelos entre as duas situações. Por aqui, quem nos governa, ignora o facto de haver quem passe fome, uma fome que só não é maior devido a instituições que conseguem atenuar o problema e à solidariedade familiar. A fome é o resultado directo das políticas deste governo, em nome de uma dívida que ninguém conhece em detalh

Desemprego

Os números divulgados ontem dão conta de uma situação insustentável para milhares de famílias e de cidadãos. Os 16,9 por cento de taxa de desemprego estão ainda assim longe de mostrar toda a realidade. De qualquer modo, é quase um milhão de pessoas que se encontra sem emprego, sendo que a maior parte já não conta com o subsídio de desemprego. Ora, a situação torna-se mais gravosa quando o mercado de trabalho está revestido de uma exiguidade sem precedentes. Quem cai numa situação de desemprego dificilmente voltará a sair da mesma, no breve e no médio prazo. Por outro lado, quem é desempregado de longa duração sabe que o tempo conta a seu desfavor, inviabilizando o regresso ao mercado de trabalho - ou ao que resta dele. O primeiro-ministro reagiu sem surpresa aos números do desemprego, referindo que esses números encontram-se na margem prevista pelo Governo. Ainda se espera uma aumento do número de desempregados. Não se esperaria outra coisa do primeiro-ministro. O desemp

Esperança, a última a morrer

Diz-se que a esperança é a última a morrer. Infelizmente, em Portugal, muitos já lhe fizeram o funeral. As crises que se sucederam durante mais de uma década e esta crise cuja génese já todos esqueceram foram decisivas para esse funeral. Não se sabe muito bem o que resta a um povo desprovido de esperança. O Governo não vê como sua função o reestabelecimento da esperança. A sua acção assenta em três frentes: desvalorização salarial, venda de sectores estratégicos do país e consequente abertura da economia portuguesa e desmantelamento do Estado Social - tudo em nome de uma dívida cujos contornos permanecem opacos. A verdade vai muito além da dívida, desaguando nos desígnios ideológicos que todos conhecemos. Tudo o resto é desencorajador: os números (irreais, ainda assim) do desemprego, a precariedade galopante, a inexistência de vida na própria economia, em suma, o retrocesso social. Uns parece que conseguem suportar uma vida desprovida de esperança, vivendo um dia de ca

Discurso político

Há quem acuse o Governo de falhar no que diz respeito ao discurso político, sobretudo no que toca à discussão sobre a "reforma" ou "refundação" do Estado - designadamente do Estado Social. O domingo costuma ser pródigo em declarações sobre uma multiplicidade de assuntos. A refundação do Estado não podia ter ficado de fora das análises habituais. Ora, crítica-se a incapacidade do Governo de explicar aos cidadãos as medidas que se avizinham, apontam-se falhas no discurso político mas reforça-se a ideia de inevitabilidade que recai também sobre a refundação do Estado. Ou seja, o essencial não é passível de ser criticado, o problema está antes na forma como se explica o que é alegadamente inevitável. Não se discute a substância, fica-se apenas pela forma. Quanto à tibieza do discurso político, este resulta de duas situações: a primeira passa pelo facto de o Governo, envolto na sua arrogância, não ver a necessidade de encetar uma discussão séria sobre o as

A fotografia do desespero

A fotografia corre o mundo, em particular através das redes sociais. Centenas de Gregos, em desespero, a procura de comida. Agricultores que numa acção de protesto distribuíram vegetais, razão suficiente para centenas de Gregos se dirigirem aos camiões em busca de comida. Como de resto é sobejamente afirmado, uma imagem vale mais do que mil palavras - http://www.publico.pt/mundo/noticia/o-desespero-por-comida-na-grecia-fixado-numa-fotografia-1583713#/0. A fotografia foi tirada num país europeu, num Estado-membro da União Europeia cuja miséria já se confunde com aquele que tem marcado países fora da esfera europeia. A fome instalou-se na Grécia e começa a fazer o seu caminho noutros países europeus, subitamente assolados por uma crise que começou por ser financeira e passou rapidamente a ser designada por crise das dívidas soberanas. Nenhuma daquelas pessoas pode ser responsabilizada por esta crise. Na verdade, as fotografias que espelham este desespero não podem deixar ni

Transparência

Transparência. Alguns desconhecem o seu significado, outros desvalorizam-na. O certo é que a transparência não abunda por estas terras. O caso da nomeação de Franquelim Alves para o cargo de secretário de Estado, depois de uma passagem pouco recomendável pelo BPN é mais uma caso em que se verifica o menosprezo pela transparência, a começar desde logo pelo curriculum da pessoa em causa e das ocultações verificadas. O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, procurou defender a força da sua nomeação. Referiu a existência de uma carta - assinada pelo agora secretário de Estado - que dava conta das irregularidades verificadas no BPN. Ora, vários deputados da oposição acusaram o ministro precisamente de ocultar a verdade. No meio de tanta opacidade, esses mesmos deputados referem que a carta não está assinada pelo recém empossado secretário de Estado e que a mesma contradiz declarações de Franquelim Alves. Não se trata de um caso único ensombrado pela opacidade. A históri

Não há lugar a desculpas

Fernando Ulrich proferiu afirmações polémicas, embora o próprio manifeste dificuldades em ver a razão dessa mesma polémica. Perante as questões de vários deputados, algumas acusações e a exigência de um pedido de desculpas, Fernando Ulrich mais não fez do que reforçar aquilo que já tinha afirmado, recusando receber lições "de sensibilidade social", até porque já as recebeu por parte da família, da escola e da Igreja Católica. Assim, para além do Presidente Executivo do BPI recusar qualquer pedido de desculpas, ainda reforça as suas iluminadas ideias sobre os sem abrigo. Ulrich não tem de pedir desculpas, de resto, nem se esperaria outra coisa. Ulrich não percebe a razão de tanta polémica. Ulrich personifica muito do que está errado com este país.

Duodécimos

Segundo o jornal Público, o pagamento dos subsídios em duodécimos está a provocar resistência nos privados. A razão é simples: a maior parte dos trabalhadores prefere manter os subsídios na totalidade - muitos não querem perder esse direito (o direito de receber, na totalidade, os subsídios de férias e de Natal). O Governo encontrou desde modo um meio de atenuar o "enorme" aumento de impostos. É um logro que nada está relacionado com uma qualquer atenuação da carga fiscal, para bem dos cidadãos, mas trata-se antes de uma forma de escamotear a verdade, inviabilizando assim uma maior resistência por parte de trabalhadores, reformados e pensionistas. Ainda assim, verifica-se que uma boa parte daqueles que podem escolher preferem o subsidio na totalidade, pese embora o decréscimo verificado no seu rendimento mensal. Depois da aprovação do Orçamento de Estado que contempla este "enorme" aumento de impostos; depois da trapalhada em torno da aplicação da medi

Nomeação polémica

Nem o oráculo de domingo deixou passar a mais recente nomeação do Governo, indissociável do famigerado e oneroso caso BPN. Marcelo Rebelo de Sousa crítica a escolha de Passos Coelho, afirmando que o primeiro-ministro fez mal em escolher Franquelim Alves, antigo Administrador do Grupo SLN, e que devia ter escolhido alguém que "não levantasse o fantasma do BPN". As vozes críticas são transversais a todos os partidos políticos. Até no CDS - parceiro de coligação - há dificuldades em esconder o desconforto desta nomeação. Passos Coelho e o ministro da Economia mostram-se pouco interessados nas críticas, até porque o à-vontade destes senhores parece ilimitado. O caso BPN, para além de ser um caso de justiça, onerou de forma inaudita o bolso dos Portugueses, contribuindo para o desequilíbrio das contas públicas. No caso BPN percebeu-se quais as prioridades de quem nos governa e as ramificações que o BPN tem a alguns partidos políticos, designadamente ao PSD. Qualquer

O domínio do sistema financeiro

A importância da banca para o sistema capitalista não é de agora. Todavia, aquilo que agora é designado por sector financeiro, foi coadjuvado pelos rápidos desenvolvimentos tecnológicos, conferindo-lhe reforçada importância e transformando-o num elemento central do próprio processo de globalização. O passo seguinte para o domínio financeiro passava pela subserviência do poder político. Esse é hoje um facto absolutamente consumado. A crise que, de financeira passou a ser das dívidas soberanas, é sintomática do completo domínio financeiro em consequência da subserviência do poder político. De facto, os políticos, face ao sistema financeiro, comportam-se como aqueles pais que têm dificuldades com os filhos. Alguns políticos reconhecem o mal que os filhos fazem, mas não agem em consequência; outros agem como se os filhos fossem absolutamente perfeitos, não havendo sequer lugar a qualquer correcção. Tanto num caso como noutro, não existem consequências, sendo a permissividade