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A mostrar mensagens de maio, 2011

Contagem decrescente

A escassos dias do fim da campanha eleitoral, torna-se difícil esconder o meu contentamento. Aliás, é um misto de contentamento e de alívio. O fim da campanha eleitoral representa o fim de semanas de agonia própria de partidos políticos que discutiram tudo menos políticas e que se distanciaram da realidade dura que se avizinha. O comportamento dos seus líderes tornou-se mesmo exasperante, tal é o desfasamento entre o seu discurso ou vacuidade - como lhe queiram chamar - e a realidade dos factos. Por conseguinte, e independentemente de quem sai vencedor das eleições de dia 5 de Junho, a verdade é que o programa está estipulado, tem a designação de memorando de entendimento e todos clamam pelo seu cumprimento integral. A ver vamos se o seu cumprimento escrupuloso será suficiente. Até ao próximo fim-de-semana, a campanha vai intensificar-se. Não no sentido da discussão de politicas, mas antes através de polémicas e vacuidades várias. Até ao próximo fim-de-semana vamos ouvir

Democracia enfraquecida

Paradoxalmente, a democracia sairá enfraquecida das eleições que se aproximam. Sai enfraquecida pela ausência de entusiasmo que criou numa vasta franja da população que preferia ver discutidas ideias do que a constante troca de acusações de quem já nada tem para oferecer ao país. Sai enfraquecida porque a própria soberania do país é posta em causa com o entendimento entre os principais partidos e instituições europeias - o verdadeiro programa eleitoral é o memorando de entendimento. A democracia sai enfraquecida culpa dos principais partidos políticos que se mantêm herméticos, enclausurados numa redoma de interesses próprios e cegos às próprias sociedades. Não são as repetidas imagens que as televisões passam de uma campanha eleitoral em que os líderes do PS e do PSD surgem rodeados de multidões de fervorosos adeptos, perdão, simpatizantes que nos dizem que estas eleições entusiasmam a generalidade dos portugueses, pelo contrário, os partidos precisam dessas pessoas para c

Ruído

Não serei seguramente a única a ansiar pela chegada do dia 5 de Junho, não por alguma espécie de entusiasmo em torno das eleições que se avizinham, mas antes por ser esse o dia em que o ruído dos vários partidos cessa, embora o dia 4 de reflexão já nos permita deixar de ouvir o ruído. Com efeito, em nenhum momento os partidos políticos demonstraram ter ideias. E quanto maior o partido menor a capacidade de discutir alguma coisa remotamente parecida com uma ideia. Paralelamente, todos agem como se tivessem margem para governar. O programa da troika é, infelizmente, o verdadeiro programa político, mas todos se comportam como se assim não fosse. De igual forma, os problemas de uma Europa que parece caminhar para o seu último estertor não faz parte da campanha dos principais partidos. Tudo o resto é ruído e é com esse ruído que é feita a campanha eleitoral. Até dia 4 de Junho, os cidadãos vão ouvir repetidamente que estas são as eleições mais importantes da democracia portugues

Cultura

As crises têm destas coisas, tudo, ou quase tudo é relativizado. A cultura, com ou sem ministério, passará a ser mais uma das áreas onde imperará a ideia de contenção de custos, o que não é necessariamente negativo. O que de facto é negativo é a sua relativização ou mesmo menorização. A cultura será invariavelmente uma área em que os cortes, independentemente se fazem ou não sentido, terá um suposto impacto menor. Os cidadãos têm maior relutância em aceitar cortes em áreas como a saúde ou educação, mas dificilmente se poderá assistir a manifestações em prol da cultura, exceptuando naturalmente pequenas manifestações compostos por intervenientes nessa área. É também evidente que o ministério da cultura é para muitos um mero distribuidor de subsídios, muitos deles pouco compreendidos pela generalidade das pessoas. Mas o ministério da cultura tem que ser muito mais do que isso, tem que ser promotor, tem que divulgar, tem que defender o que é criado em Portugal, deve ter atenç

Ainda a Grécia

O chumbo de novas medidas de austeridade por parte dos principais partidos da oposição grega, que poderá inviabilizar a chegada da última tranche do empréstimo acordado com a UE e o FMI, deixa a Grécia e a própria Zona Euro numa posição periclitante. As medidas de austeridade iriam traduzir-se por mais cortes nos salários e pensões, para além de um vasto programa de privatizações. A Europa considerou que a melhor forma de combater o ataque dos mercados aos países periféricos que muitos apelidam de crise das dívidas soberanas através de austeridade e redução radical dos défices e do endividamento. A realidade mostra que essas medidas draconianas não são a solução. Além disso, a inexistência de mecanismos de contenção deste tipo de problemas no seio da Zona Euro e a mais abjecta liderança europeia deixam os países da Zona Euro vulneráveis a ataques que agravam a situação já difícil do seu endividamento. A Grécia, um pilar da identidade europeia está agora sujeita a um misto de

Sondagens

Hoje, tal como nos dias anteriores, comenta-se mais uma sondagem. Desta vez o PSD consegue um avanço significativo sobre o PS e em conjunto com o CDS tem maioria absoluta. Trata-se de mais uma sondagem que revela um dos melhores resultados do PSD, nas últimas semanas. Mas é apenas isso, uma sondagem. A sondagem da Intercampus não surpreende. O primeiro-ministro devia ter seguido o exemplo do seu amigo Espanhol, não o fez, insiste em se agarrar ao poder e agora faz ou alega que vai fazer a defesa do Estado Social, quando nos últimos seis anos mais não fez do que contribuir para o seu enfraquecimento. O PSD, com todos os percalços e com um recuo no discurso mais liberal vai fazendo o seu caminho. Estas eleições, sobretudo se o PSD vencer, devem servir como lição para o Partido Socialista que se tornou o Partido de Sócrates, abdicando da sua identidade, fazendo tudo para estar no poder e alimentar clientelas. Ao que tudo indica, agora será a vez do PSD alimentar as suas também

Saídas para a crise

É por demais evidente que é imperativo que os partidos que se propõem governar o país discutam saídas para a crise. E embora essas saídas sejam manifestamente condicionadas pela evolução da economia portuguesa, não deixa de ser necessário que sejam discutidas. De facto, o país está confrontado com uma situação muito intrincada: entre juros, PPP e dívidas de empresas públicas é expectável que todas as soluções apontadas neste momento sejam falíveis. De qualquer modo, espera-se que, apesar de todos os condicionamentos fruto do entendimento com a troika e consequência da grave situação do país, os partidos políticos apontem soluções para o crescimento da economia e para a consolidação das contas públicas. As soluções serão seguramente onerosas, mas também têm que o ser para aqueles sectores da sociedade que têm escapado mais ou menos incólumes aos sacrifícios pedidos. É evidente que são os mais desfavorecidos e a classe média os mais sacrificados. Podemos estar certos do segui

O debate

Em tese hoje seria o dia em que os cidadãos poderiam assistir ao debate político - no âmbito das eleições de 5 de Junho - mais esperado. Em tese, porque na prática José Sócrates e Pedro Passos Coelho não parecem conseguir entusiasmar o país. Sendo certo que há muito que os intervenientes políticos não entusiasmam o país, a verdade é que esse ténue entusiasmo, quando se verifica, desvaneceu-se quase por completo. O PS tem o ónus da responsabilidade pelo estado do país (a isto acrescem factores externos que, em abono da verdade, não devem ser relativizados); o PSD procura agora, através do seu líder, diminuir o peso liberal do partido, sem no entanto conseguir entusiasmar os cidadãos. O debate, de 60 minutos, mais não é do que um exercício de inutilidade entre dois candidatos a primeiro-ministro que tentam mostrar as suas diferenças, quando na verdade ambos têm projectos condicionados pelo FMI e pela Europa e quando ambos não parecem muito incomodados com o facto. A poucas s

Votar em quem?

A pergunta em epígrafe é talvez uma das mais repetidas nas últimas semanas e amiúde é seguida de comentários em que se põe em causa os chamados partidos do arco do poder. A ideia de que não existem alternativas é também consequência do hermetismo e incapacidade de mudança dos maiores partidos portugueses, da pouca visibilidade dada a outros partidos que não têm assento parlamentar e à pobreza desses mesmos partidos. Analogamente, criou-se a ideia de que os partidos com assento parlamentar, designadamente PS, PSD e CDS são os únicos a terem "competências" ou "vocação" de partidos do poder. As longas décadas de compadrios, partidocracia, corrupção, endividamento e atraso no desenvolvimento do país não parece ser o suficiente para pôr em causa os tais partidos do arco do poder. A ideia vigente parece ser: não havendo alternativas estamos presos a esses tais partidos, os mesmos que têm vastíssimas clientelas para alimentar, os tais que possuem máquinas mo

As lições da Alemanha

Depois dos períodos negros da História recente em que a Alemanha foi a principal protagonista, este país liderado pelo inefável Angela Merkel não se coíbe de dar reiteradas lições aos países que integram a Zona Euro, designadamente os chamados periféricos. Agora a Sra. Merkel, num discurso para consumo interno e indigestão de todos, afirma que na moeda única não pode haver cidadãos que têm mais férias do que outros . Refere-se aos trabalhadores alemães que por lei têm direito a um mínimo de 20 dias de férias, período que compreensivelmente se estende para mais tempo. O mesmo se aplica à idade da reforma. Ora, a Sra. Merkel pugna por uma uniformização destas matérias, mas esquece-se de advogar uma Europa mais unida, mais solidária e mais coesa. Quando algum Estado-membro sugere uma medida, por pequena que seja, que signifique mais aproximação entre os vários Estados-membros, em particular em matérias da Zona Euro, a chanceler alemã é a primeira a recusar. É curioso defende

Memorando, mas só em inglês

O primeiro-ministro demissionário, o mesmo que para bem do país já se devia ter afastado da política, ficou exacerbado (para nosso espanto!) com a insistência da jornalista no debate com Jerónimo de Sousa sobre a inexistência do memorando de entendimento acessível em português. Para além da falta de preparação do primeiro-ministro demissionário que talvez pela sua actual condição demonstre amiúde não saber a quantas anda, é grave que um documento determinante para o futuro próximo do país não esteja acessível a todos os cidadãos, em língua portuguesa, claro está. É bem verdade que não interessa discutir-se exaustivamente o documento, sobretudo por duas razões: por um lado, uma discussão aprofundada do documento implicaria que os principais intervenientes políticos - os que negociaram - conhecessem bem o documento, o que visivelmente não é o caso; por outro lado, em plena campanha, ou pré-campanha eleitoral, é incómodo estar-se a discutir mais austeridade, recessão, ausênci

É melhor nem falar disso

A possibilidade de reestruturação da dívida é assunto que se evita discutir. Embora a imprensa alemã já tenha avançado essa possibilidade por diversas vezes. procura-se não discutir a possibilidade até porque ninguém quer despertar as atenções dos mercados que entraram em polvorosa com a palavra "reestruturação". As dificuldades da Grécia empurram as mais altas instâncias da UE e do FMI para essa discussão. Em Portugal, os cidadãos são obrigados a conviver com uma pré-campanha eleitoral com a habitual relevância dos suspeitos do costume - os tais que num misto de ignorância e interesses obscuros levaram o país à beira do abismo. Os restantes partidos, em particular aqueles que não têm assento parlamentar, ter-se-ão de contentar com umas esmolas da comunicação social. Não deixa de ser curioso ver que a venda de ilusões continua a ser um sucesso em Portugal. Com efeito, parece-me que ainda haverá muitos que não perceberam a real dimensão das dificuldades de um país

PS e PSD

Apesar da crise sem precedentes que estamos a atravessar, e a julgar pelas sondagens, PS e PSD continuam a fazer o seu caminho na democracia portuguesa, deixando pelo caminho um rasto de endividamento, ausência de crescimento económico e a destruição paulatina de um país. A razão para os resultados das sondagens prender-se-á com a ausência de alternativas. Defendo antes a ideia que a razão se prende com a ausência de uma alternativa: a social-democracia, dada por muitos como moribunda e que nem PS, nem PSD são exemplos de partidos sociais-democratas. Olhando para o que resta dos partidos políticos, continua-se sem vislumbrar partidos que façam essa defesa. Por outro lado, a sociedade civil portuguesa é exasperantemente anódina. Não havendo alternativas, a própria sociedade deveria criar essas alternativas. Não é o caso, embora existam partidos fora daqueles que têm assento parlamentar, que continuam a lutar pelas suas ideias e concorrem a eleições. Esse esforço é meritório,

Estado Social

A defesa do Estado Social tem sido central para a pré-campanha eleitoral do PS. Porém, no seu programa eleitoral, não se percebe muito bem como o PS assegurará a manutenção do Estado Social. O mesmo se passa com o programa do PSD. O primeiro é demasiado genérico, o segundo, embora mais completo, não deixa de ser omisso em matérias essenciais como é o caso do Estado Social. De todo o modo, não basta dizer que se pretende defender o Estado Social. Importa perceber como é que isso é feito e o que é que cada partido entende por Estado Social ou Estado Providência. A defesa do Estado Social não deve ser confundida com a defesa de um Estado corporativista, ineficiente, virado para si próprio e despesista. Não se pode confundir a defesa de um contrato social com a manutenção dos mesmos males que nos trouxeram até ao ponto em que chegámos. A Saúde, Educação e Segurança Social pesam consideravelmente nos orçamentos. No entanto, são áreas essenciais para a construção de um Estado eq

Ainda as ilusões

As críticas aos vários partidos políticos que têm assento parlamentar são recorrentes, mas a postura do ainda primeiro-ministro e a passividade e subserviência do PS são surreais. As ilusões continuam a ser o centro da retórica do primeiro-ministro. A julgar pelas suas intervenções, a sua governação foi extraordinária, garantindo um país com futuro. Ignora-se o facto do país estar na pior situação económico-financeira do último século. Já aqui se referiu o peso que a crise internacional e a voracidade dos mercados financeiros tiveram no desfecho que conhecemos, mas seria pouco honesto não reconhecer que fomos atacados precisamente por estarmos numa situação fragilizada - situação essa que foi consideravelmente agravada pela a acção do Governo de José Sócrates. Défice, dívida e ausência de crescimento económico e, ainda mais grave, ausência de perspectivas desse mesmo crescimento económico foram determinantes. Há responsáveis e José Sócrates é um indubitavelmente o maior re

Grécia

Os problemas em torno da dívida soberana grega continuam em recrudescimento. Nem as tão apregoadas medidas impostas pelo FMI parece estarem a surtir efeito, pelo contrário, terão agravado a dificuldade deste país recuperar. Agora discute-se a possibilidade da Grécia receber um segundo pacote de ajuda, no valor de 60 mil milhões de euros. Volta-se a insistir em receitas que não estão a surtir efeitos e aguardam-se quais as compartidas dessa ajuda - mais austeridade? Mais recessão? Mais desemprego? Mais miséria? O que está a acontecer à Grécia não pode ser analisado como um problema comum, um problema europeu. Embora o anterior governo grego tenha demonstrado uma acentuada irresponsabilidade, não é menos verdade que a Europa demorou muito tempo a responder ao problema grego, permitindo que os problemas se agravassem sobremaneira. Era e é mais importante responder aos ímpetos egoístas dos eleitores de cada país do que resolver um problema cujas consequências serão para todos.

Razões externas e internas

As dificuldades que obrigaram o Governo português a recorrer à famigerada "ajuda externa" são consequência de erros cometidos internamente, mas também são a consequência de circunstâncias externas de ataque concertado às economias mais frágeis da Zona Euro, num claro ataque à própria moeda única. A União Europeia que deixou o seu destino nas mãos de fracas lideranças como é o caso da chanceler alemã e do Presidente francês, vive refém de políticas que mais não fazem do que agravar a já difícil situação das chamadas economias periféricas. Não deixa de ser curioso ver o ataque dos mercados a países como Portugal, Grécia, Irlanda e Espanha quando deixaram de fora países com situações económico-financeiras muito débeis como é o caso da Itália. Neste contexto de globalização financeira, em que as agências de rating conseguem ter mais poder do que governos legitimamente eleitos, não seria de esperar outra coisa do que um ataque a estes países, ataques que redundam em i

Esquecer o passado

Parece ser a palavra de ordem de muitos cidadãos, a julgar pelos resultados das sondagens . Esquecer o passado, em particular o passado recente. Talvez isso justifique as sondagens que dão o PS à frente dos restantes partidos da oposição. O que está em causa nas eleições de dia 5 de Junho é essencialmente responsabilizar os representantes políticos que nos trouxeram até uma situação de agonia e humilhação. Não parece ser o que está em causa, pelo menos para aqueles que participam nas sondagens. Os outros que foram coniventes (uns mais do que outros, é certo) também não serão particularmente prejudicados. É assim que Portugal é humilhado e passa a estar sob jugo de entidades internacionais, levando os seus cidadãos ao ponto da insustentabilidade. As dificuldades que vão recrudescer e as que afectam tantos e tantos Portugueses não são, apesar de tudo, razões suficientes para penalizar quem tanto prejudicou o país. Entretanto discute-se a possibilidade de um pedido de ajuda ex

Um país mais pobre

Depois do anúncio das medidas anunciadas hoje pela Troika, mas entretanto conhecidas, percebe-se que José Sócrates cumpre aquilo que prometeu numa intervenção que foi considerada um tropeção na língua: José Sócrates prometeu um país mais pobre e parece querer cumprir. As medidas anunciadas, resultado das negociações com a Troika apontam como alvo a classe média que atolada em impostos procura manter a cabeça à tona de água. Mais impostos, mais empobrecimento para quem trabalha e aprofundamento da agonia de quem está no desemprego, no fundo é esta a receita negociada com a Troika e da qual José Sócrates parece ter tanto orgulho. Quanto aos problemas de fundo da economia portuguesa, pouco será feito no sentido de aumentar a competitividade e a ineficiência de um Estado que gasta incrivelmente acima das suas possibilidades: a redução da taxa social única, facilidade nos despedimentos, diminuição do subsidio de desemprego (tempo e valor), ambiguidades no sentido de criar mais

O filme dos últimos anos

Numa altura em que se aguardam as medidas de austeridade que servem de contrapartida ao pedido de "ajuda" à Troika, importa analisar o filme dos últimos anos. Com efeito, é indiscutível que a grave crise que o país atravessa é também consequência da incapacidade que a Europa demonstrou ter para atenuar os efeitos de um ataque concertado ao euro e a voracidade inacreditável de mercados e agências de rating que, curiosamente, estiveram no cerne da crise de 2008. Todavia, existem responsabilidades que não podem ser imputas em entidades externas. Embora a UE, designadamente a Zona Euro, demonstre não ter os instrumentos necessários para fazer face às crises do capitalismo financeiro, crises que se multiplicarão, o país também não demonstrou ter sentido de responsabilidade e visão de futuro. Desde os governos do betão, os mesmos liderados por quem hoje fala do mar como um desígnio nacional, mas que foi conivente com a más políticas na agricultura e nas pescas, passan

Um bom acordo

A declaração de José Sócrates com o objectivo de desmistificar algumas das medidas acordada com a Troika foi uma jogada de mestre. O acordo apelidado de "bom acordo" é largamente baseado naquilo que seria o PEC IV. O anúncio do primeiro-ministro de que o 13º. e 14º. mês serão pagos, a inexistência de despedimentos na Administração Pública, a inexistência de cortes em salários e pensões (cortes nas pensões só a partir do 1.500 euros) será o suficiente para muitos respirarem de alívio. Convenhamos que o acordo, embora ainda não se saiba tudo, é menos negativo do que aquilo que se estaria à espera. Talvez os fracassos na Grécia e na Irlanda terão tido o seu papel a desempenhar em todo este processo. Apesar de se ter conseguido mais tempo para combater o défice, os problemas de fundo mantêm-se e agravar-se-ão nos próximos anos de recessão. Seja como for em política o passado é rapidamente esquecido e tenta-se não pensar excessivamente no futuro. Nestas circunstância

Uma década depois

A morte anunciada de bin Laden é indubitavelmente uma vitória para os Estados Unidos e uma boa notícia para o resto do mundo. É uma vitória para os Estados Unidos, embora a morte do homem mais procurado do mundo não signifique obviamente o fim do terrorismo. De todo o modo, este acontecimento tem um elevado peso simbólico para o povo americano. Afinal de contas, trata-se da morte do mais alto responsável pelo 11 de Setembro. Todavia, embora este seja um momento de celebração, não deve redundar em ilusões quanto às ameaças terroristas. Pelo contrário, este deve ser um momento de reflexão sobre a possibilidade de represálias, agora que bin Laden é um mártir. Uma década depois, o povo americano sente que foi feita justiça. Depois de tanto tempo sem se conseguir resultados, depois de erros cometidos pela anterior Administração em nome precisamente de uma guerra contra o terrorismo, a morte de bin Laden - alguém já próximo da mitologia - volta a dar ao povo americano e não só um