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Mensagens

A mostrar mensagens de dezembro, 2019

Portas, Cristas e...

O 28º Congresso do CDS será seguramente animado. Depois de Portas sobrou Cristas, incapaz de se livrar do peso de decisões tomadas enquanto ministra de Passos Coelho e mais incapaz ainda de fazer frente a uma extrema-direita mais do que anunciada e que roubará votos aos partidos de direita e talvez não só. Portas seguiu o caminho do populismo tão familiar a essa extrema-direita e Cristas procurou outro caminho, o que só por si é particularmente louvável, mas que não terá dado o melhor contributo para o futuro do partido. Em tempos de confusão e de legitimação do que até há pouco tempo não se devia dizer, Cristas que procurou desviar-se do populismo de Portas, e portadora de um passado oneroso, não conseguiu fazer vingar a sua liderança. Com o partido fortemente abalado pelos resultados das legislativas, surgem candidatos sem expressão, uns mais convencionais outros nascidos de uma corrente interna, designada por Esperança em Movimento, ultra-conservadora que creio terá algum cr

Porta dos Fundos e a censura

Nunca será demais publicitar o programa "Especial de Natal Porta dos Fundos - A primeira tentação de Cristo", alvo de censura por parte do fundamentalismo religioso que está também a tomar conta da política brasileira. Recorde-se que o programa humor retrata um Cristo homossexual e um trio amoroso composto por José, Maria e Deus, Ele-mesmo.  É particularmente difícil continuar a sentir a necessidade de fazer a apologia da liberdade de expressão, apregoando a também necessidade de não levar a vida tão a sério, sobretudo quando é de humor que falamos. Obviamente. Mas o que esta nova tentativa de censura revela é um mundo hipócrita e autoritário que está na senda de impor as suas convicções religiosas ou morais. Mas o mais grave é que essa hipocrisia e esse autoritarismo chegaram já à esfera da política e não há melhor forma do que combater essas tentativas de censura do que ver e publicitar o alvo desse bacoco puritanismo religioso. Especial de Natal Porta dos Fundos - A

Orçamento da continuidade

Está feito o OE para 2020, depois do anúncio, com toda a pompa e circunstância de 800 milhões para o Serviço Nacional de Saúde, a excepção neste orçamento, o resto fica na mesma ou pior. Apesar de ser anunciado como o orçamento do superavit - o primeiro - nada de substancial muda e nem os 800 milhões injectados no SNS são garantia de melhoria dos serviços. E nada de substancial pode mudar estando Portugal sujeito às draconianas regras europeias. Por conseguinte, e com a escassa margem de manobra que cada Estado-membro possui, os orçamentos serão sempre de continuidade - um percurso sinuoso que coarcta os Estados nas suas funções, sobretudo nas suas funções sociais, mas também no investimento necessário ao desenvolvimento do país. Orçamento de continuidade é uma mera consequência do famigerado e irónico Pacto de Estabilidade e Crescimento e tudo o que sobra são migalhas para serem distribuídas pelos pobres, o que nem sempre se verifica.

O pior resultado do Labour

Há muito por dizer no dia seguinte às eleições britânicas: os Tories venceram com uma maioria absoluta, o Brexit é um facto consumado e o Labour teve o pior resultado desde os anos 30. A vitória histórica do partido Conservador ( Tories ) significa claramente a saída do Reino Unido da União Europeia. De resto, Boris Johnson, primeiro-ministro, já avançou com uma data: 31 de Janeiro de 2020. Por outro lado, o Partido Trabalhista (Labour) sofreu uma derrota história a que muitos atribuem a indefinições e ambiguidades. Seja como for, Jeremy Corbym líder do Partido Trabalhista, já anunciou a sua saída. Resulta destas eleições um claro enfraquecimento do Labour, sobretudo com esta liderança mais à esquerda do que é habitual para o partido. Esse enfraquecimento resultará também no enfraquecimento do que resta dos serviços públicos, com o NHS (serviço nacional de saúde) à cabeça. Para já, o Reino Unido andará ocupado com o Brexit e com as suas implicações, navegando num mundo de inc

Trumps, Bolsonaros e afins: a importância da próxima década

A mensagem mais importante que qualquer ser humano pode reter prende-se com a necessidade imperiosa de reduzir em metade as emissões de C02 na próxima década para salvar o planeta. Ou seja, ou mudamos de vida ou definharemos e/ou contribuiremos para que as gerações mais novas definhem num planeta que simplesmente está farto de nós, em qualidade e em quantidade. Se o planeta aquecer acima do 1,5ºC  (IPCC/Nações Unidas) as consequências serão devastadoras para as próximas décadas (secas mortíferas, incêndios selvagens devastadores, subida das águas e desaparecimento de cidades inteiras, migrações em massa, epidemias, fome, devastação). E é neste contexto que o Presidente dos EUA - o mesmo que abandonou os acordos de Paris - manifesta a sua preocupação com descargas na casa de banho, com a falta de pressão da água das torneiras ou como as lâmpadas fluorescentes provocam na sua pele um tom alaranjado, ordenando para o efeito a substituição destas pelas antigas lâmpadas incandescentes co

Chega: não gostam do programa, mude-se o programa

Serão poucos aqueles que dedicam algum do seu tempo a ler programas de partidos políticos. André Ventura, do inenarrável "Chega", contou com essa displicência, chamemos-lhe assim. Isto até ao dia em que alguém efectivamente leu o programa e deitou por terra aquele populismo bacoco de quem se advoga defensor do cidadão comum, mas não passa de um populista de trazer por casa que abraça o fascismo como se de um parente próximo se tratasse. Afinal de contas, o Chega defende o fim do SNS: "O Estado não pode ser prestador de bens e serviços no mercado da saúde, mas apenas um árbitro" e outras pérolas similares. Ora, não gostam do programa? Esconda-se o programa! Terá sido este o primeiro passo do tal Ventura. E como isso não resultou - a comunicação social insistiu em fazer perguntas - mude-se então o programa! "Uma clarificação em sentido inverso ao que é o espírito do partido". Em rigor o programa do Chega não acrescenta nada de novo, apenas vem confirm

Sobre o aproveitamento político

Greta Thunberg passará por Portugal a caminho da Cimeira das Nações Unidas sobre o clima a ter lugar em Madrid. Marcelo já avisou que ficará longe de Greta com o objectivo de evitar ser acusado de aproveitamento político. Dito por outras palavras: o Presidente da República teme que qualquer encontro com uma jovem de 16 anos que luta ferozmente pela sobrevivência do planeta seja considerado aproveitamento político em oposição a todo o percurso de um Presidente populista que sempre se esteve perfeitamente nas tintas para esse perigo chamado "aproveitamento político". De resto, a sua mais recente associação a mais um exercício de caridadezinha promovido pelo rosto do costume nunca raiou sequer o aproveitamento político da miséria. Pelo menos é assim que o Presidente gostaria que nos pensássemos. Marcelo Rebelo de Sousa adopta a postura do costume: sublinha a importância da luta contra as alterações climáticas, mas mantém um distanciamento confortável. A luta é bonita, mas