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A mostrar mensagens de julho, 2015

Bem-vindos ao surreal

A coligação PSD/CDS participou num novo exercício que desafia claramente as leis do real, isto por ocasião da apresentação do programa de governo que contou com declarações de Passos Coelho e Paulo Portas. A retórica do costume resume-se a uma cacofonia de acusações dirigidas ao anterior governo e a promessas patéticas - tudo num desafio permanente do real. Passos Coelho reclama para si a luta por Abril, insinuando ter alguma espécie de respeito pela herança de Abril (?), isto dito por quem mais contribuiu para destruir os princípios que emanam desse período da história do país. O ainda primeiro-ministro insiste em desafiar o real: todo o mal do mundo deriva do mesmo sítio: o largo do rato, nº 2. Os socialistas são acusados de tudo: da bancarrota e do resgate, na verdade impulsionado por Portas e Passos Coelho, da única forma que conhecem - através da insídia. Com mais um bocadinho de imaginação, pode-se inclusivamente depreender que o PS é responsável por toda a crise que assolou

O grande desígnio

O mesmo Passos Coelho que conta com todo o tempo de antena nas principais televisões e que se insurge contra o peso do Estado, insinuando vezes e vezes sem conta que o Estado está onde não deve estar, prepara-se para gastar mais 53 milhões de euros com escolas privadas. Recorde-se que este é o mesmo governo que procedeu a cortes de centenas de milhões de euros na Educação; o mesmo Governo que desinvestiu no ensino superior; o mesmo Governo incapaz de esconder a sua repulsa pela investigação cientifica e pela cultura. Os homens de negócio, perdão, os membros do Executivo de Passos Coelho têm feito transferências crescentes de dinheiros públicos para o privado, enquanto apregoam que o Estado gasta muito e faz mal - parte da receita do neoliberalismo na sua versão mais provinciana. Nem tão-pouco será por acaso que assistimos ao enfraquecimento do Estado Social - Saúde, sem capacidade de resposta; Educação num declínio vertiginoso de qualidade e Segurança Social, invariavelmente con

Era preferível termos uma silly season

Este Verão não será marcado pela já habitual silly season por razões óbvias: as próximas eleições que se avizinham, designadamente as legislativas do próximo 4 de Outubro, o que pressupõe uma contínua actividade dos partidos políticos. Todavia e a julgar pelas últimas semanas marcadas por um vazio incomensurável, associado a torrentes sem fim de banalidades e mentiras, seria preferível termos a já habitual silly season . Seria preferível, a bem da sanidade mental colectiva. O PS não se cansa de titubear em relação aos assuntos mais prementes: desde a sustentabilidade da Segurança Social; passando pela dívida e pela necessária reestruturação; culminando num novo vazio sobre a Europa e o euro. Os partidos da coligação, sobretudo o PSD, através do seu líder, escudam-se num pretenso sucesso fruto das suas políticas que permitiram que o país sobrevivesse ao Apocalipse da que resultou da responsabilidade de José Sócrates. Entre mentiras e inanidades, Passos Coelho tenta construir uma f

Malabarismos

Os governos recorrem amiúde a malabarismos para dar a impressão de serem rigorosos com as contas. Mas há malabarismos ridículos como é o caso de desviar dinheiro do IVA para pagar automóveis topo de gama no famigerado concurso da fatura da sorte. É bacoca a atribuição de automóveis como incentivo à boa cidadania, como é bacoca a forma como apressada e irregularmente se subtrai receita à revelia do Orçamento de Estado. Uma auditoria do Tribunal de Contas à administração central detectou o irregular desvio de receitas do IVA para promover a dita iniciativa indiscutivelmente pueril que se resume a uma versão moderna da cenoura à frente do burro, com o devido respeito pelo contribuinte. Malabarismos, artimanhas, meia-verdades, mentiras por inteiro e uma inaudita presunção de que o cidadão é néscio caracterizam este governo que pede "humildemente" para ser reeleito. Por falar em ridículo... Paralelamente anos de empobrecimento, incompetência e destruição do país, a par de

Traído pela Europa

Passos Coelho, um indefectível europeísta, dedicado a seguir todas as ordens de quem manda na Europa, acabou precisamente por ser traído por essa Europa – tudo em escassos dias. Primeiro, Donald Tusk, Presidente do Conselho Europeu, acabou por revelar que a brilhante ideia que Passos Coelho reclamou como sua e alegadamente desbloqueadora do impasse europeu, foi afinal ideia do primeiro-ministro holandês. Depois foi vez de Jean-Claude Juncker, revelar que o Governo português, à semelhança do espanhol e irlandês, manifestou não querer sequer discutir qualquer alívio da dívida grega antes dos períodos eleitorais que se aproximam. Tratou-se, segundo o Passos Coelho, de um mal-entendido e de uma meia-verdade. Finalmente, o Organismo Europeu de Luta Anti-fraude levanta questões sobre a famigerada empresa administrada por Passos Coelho: Tecnoforma - uma investigação que envolve o Ministério Público português e a Direcção-geral do Emprego para recuperar verbas indevidamente utilizadas pel

Reestruturação de dívida? Não.

É desta forma primária que Passos Coelho vê a possibilidade de reestruturar a dívida e mais: o primeiro-ministro de Portugal, segundo o Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, recusou o alívio da dívida grega, e por inerência, da própria dívida portuguesa. De resto, com que a argumentação pode o primeiro-ministro de Portugal recusar o alívio da dívida de um país da Zona Euro e pugnar por um qualquer alívio da dívida portuguesa? A tal que não é sustentável. Juncker afirmou que países como Portugal e Espanha recusaram a discussão sobre a reestruturação da dívida antes das eleições legislativas que se avizinham. Passos Coelho afirma que se tratou de uma confusão do Presidente da Comissão Europeia e pode contar com o apoio do indefectível Cavaco Silva. Este episódio apenas vem demonstrar que Passos Coelho não se está a lixar para eleições, como está disposto a tudo para vencer, e esse tudo inclui colocar os seus interesses e os do seu partido à frente dos interesses do p

A vez do irrevogável

O irrevogável - vulgo Paulo Portas - contou com tempo de antena para proferir as banalidades do costume. Numa entrevista concedida à SIC, Portas, fez a defesa da governação, com a cautela do costume, procurando mostrar que não está fora da coligação, mas que esta também nunca foi verdadeiramente um exemplo de coesão. Com a sua pose habitual de estadista, Portas, à semelhança de Passos Coelho, mostrou não ter uma ideia para o país, deixando no ar expectativas de recuperação e promessas de fazer o possível para acabar com a sobretaxa do IRS. Pelo caminho, o discurso esbarra sempre nos culpados do costume: o PS - aparentemente terá sido o PS a governar nos últimos quatro anos. Paulo Portas, alguém indelevelmente ligado ao famigerado, desastroso e opaco negócio dos submarinos, age como se fosse verdadeiramente determinante para o país, pese embora o seu partido conte com uns meros seis por cento de votação. É isto que temos: partidos que governaram o país durante os anos de empobrecim

Patético II

Quando pensávamos que de situações patéticas estávamos conversados, o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Bruno Maçães, vem mostrar precisamente o contrário. Como? Ao envolver-se numa discussão, via twitter, com jornalistas do Wall Street Journal, a propósito dos números do desemprego. O secretário de Estado discorda dos números avançados pela publicação e pediu aos jornalistas que corrigissem a peça "Portugal na Estrada para a recuperação antes do resgate económico, mas as cicatrizes mantêm-se". Suspeita-se que Bruno Maçães, também conhecido com o epíteto "o Alemão", tenha muito tempo livre e uma manifesta escassez de bom senso. O resultado: mais um episódio patético protagonizado por um ilustre membro do Governo. Recorde-se que Maçães, em 2013, foi apelidado pela imprensa helénica de "o alemão" por ter recusado a ideia de união entre países do sul, muito antes da vitória do Syrisa. Para quem se quiser divertir com o patético pode dar uma

Patético

A propensão para a mentira é invariavelmente patético, sobretudo quando até na mentira se consegue ser medíocre. O primeiro-ministro teve uma semana pejada de momentos risíveis: primeiro o seu desbloqueamento, fruto de uma ideia, da difícil negociação com a Grécia; posteriormente - escassas horas depois - uma entrevista pejada de tiros ao lado... da verdade, a começar pelas contas mal feitas no memorando, quando Eduardo Catroga, a seu pedido, participou precisamente na elaboração dessas contas. Patético. A tibieza da linha de argumentação dos partidos que ainda governam o país abre espaço a todo o género de artificialismos, muitos deles absolutamente pueris. O que espanta não é tanto o recurso aos aludidos artificialismos, mas à inexistência de qualquer noção de ridículo. Quando nos vangloriamos de ter tido uma participação chave num dos piores momentos da história recente da Europa, não nos apercebemos da conjuntura e ainda somos desmentidos por quem realmente tem peso nesse contex

Reestruturação da dívida

E agora Passos Coelho? E agora que tanto o FMI como o BCE (duas partes da troika) defendem a necessidade de reestruturar a dívida grega, qual é a posição do primeiro-ministro português relativamente à dívida portuguesa? Passos Coelho sempre rejeitou um cenário de reestruturação da dívida - nem tão-pouco queria ouvir falar dessa possibilidade, apesar de vários economistas, da direita e da esquerda, terem chamado a atenção para essa inevitabilidade. Porém, e relativamente à dívida grega, tanto o FMI como o BCE defendem a necessidade de reestruturação. Afinal Tsipras - o grande derrotado - já ganhou qualquer coisa, isto para não referir o dinheiro que a Grécia recebeu para pagar ao FMI e mais dinheiro para reembolsar a Europa (no plano mais imediato). Segunda-feira os bancos gregos voltam a estar de portas abertas. Entretanto, e numa posição de crescente isolamento, o inefável Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças alemão, insiste na retórica que postula a saída (temporária?) da

E se Tsipras escolhesse outro caminho?

É tarefa árdua encontrar defesa para a posição adoptada pelo primeiro-ministro grego. Em bom rigor, Alexis Tsipras aceitou um novo plano de austeridade que apenas vai agravar o problema grego... isto se o plano for para cumprir. A receita da Europa, essa já se sabe, é para falhar. Nesta discussão importa ter presente a seguinte dualidade: instituições europeias e governos seguidistas que são tudo e dão tudo pelo sistema financeiro e pelas grandes multinacionais, flexibilizando legislação e concedendo todo o espaço de manobra para o florescimento do capital, enquanto restringem o espaço de manobra dos países, aplicando regras draconianas destruidoras das democracias. E se um país quiser sair desta armadilha? Não pode, os tratados não contemplam essa possibilidade, apesar de ser essa a vontade do ministro das Finanças alemão. E se Tsipras escolhesse outro caminho? E se esse caminho resultasse numa saída, embora não contemplada pelos tratados, da Zona Euro? A Grécia ficaria fora do jog

Não há motivos de orgulho

Passos Coelho vangloriou-se de um feito incrível: ter uma ideia e desbloquear as negociações entre Estados-membros e a Grécia. O resultado foi o que se conhece: mais um exercício de humilhação que nos deve deixar a todos envergonhados. Passos Coelho contribuiu, segundo o próprio afirma, para o desfecho dessas negociações. Ora, o desfecho representou um dos momentos mais tristes da Europa desde a sua criação. Parabéns Sr. primeiro-ministro. Para ajudar à festa o Presidente da República - aquele que nos faz ansiar ardentemente pelo passar dos meses até à sua saída - volta a criticar a Grécia e, no alto da sua sapiência, fala em erro estratégico. Em bom rigor, quando Cavaco Silva fala em erro estratégico sabe do que fala, desde logo porque de erros estratégicos, e não só, percebe ele: desde a destruição da capacidade produtiva do país, passando pelas paixões do ainda Presidente da República por Maastricht, pela moeda única e por aí fora. Não restam dúvidas, trata-se de um verdadeiro en

Um herói

Ainda há quem ouse afirmar que já não existem heróis. Enganam-se. Passos Coelho vem provar precisamente que ainda existem heróis ou não fosse ele o elemento chave que desbloqueou as intrincadas negociações entre instituições Europeias, lideranças de Estados-membros e a Grécia. Passos Coelho teve uma ideia (?). Segundo o próprio, terá sido ele o responsável por esse desbloqueio e para que não restem dúvidas atente-se ao que Passos Coelho afirmou: "Devo dizer até que, curiosamente, a solução que acabou por desbloquear o último problema que estava em aberto, que era justamente a solução quanto à utilização do fundo [de privatizações], partiu de uma ideia que eu próprio sugeri. Quer dizer que até tivemos, por acaso, uma intervenção que ajudou a desbloquear o problema". Está dito. Depois de meses a alinhar com os países que mais dificultaram a vida à Grécia - numa orgia de castigadores, muito próxima do sadismo - Passos Coelho chama agora para si a responsabilidade pela resol

Castigos e humilhações

Depois de tanta ousadia, os gregos só podiam merecer o castigo. Primeiro ousaram eleger um governo de esquerda (esquerda radical, onde se insere a verdadeira social-democracia e o verdadeiro socialismo); depois esse governo, coligado com um partido que não pertence à dita esquerda radical, de seu nome Anel, bateu o pé a mais austeridade - o país devastado pela miséria simplesmente não aguentaria mais austeridade -, e finalmente esse mesmo governo ousou convocar um referendo para se relegitimar e para aferir sobre o posicionamento do povo grego. Foram longe demais e durante este fim-de-semana vieram os castigos e as humilhações. Os castigos e humilhações passaram por mais doses cavalares de austeridade, pela eminência de saída do país do euro (desde a primeira hora) e pelo confisco de 50 mil milhões de euros de património, num exercício próprio de tempos coloniais. Tudo isto feito contra um país da União Europeia e da Zona Euro. A Europa fez uma das figuras mais tristes de si própr

A Europa da vergonha

Negociações duras e uma proposta grega que surpreendeu por retomar a austeridade, depois do povo grego ter dito “não” ao acordo proposto pela Europa marcaram os últimos dias. Vamos assistindo à constante diabolização da Grécia, forçando-se ideias derrotistas e esquecendo o papel da Alemanha, coadjuvada por países como a Finlândia, que nestes passarão a fazer parte das páginas mais negras do que resta do projecto europeu. Entre propostas vergonhosas de venda por parte dos gregos de 50 mil milhões euros em activos – e novas propostas, ou seja com mais austeridade – ou teriam que sair temporariamente (?) do euro, durante um período de 5 anos, assim se vai destruindo o que resta de uma ideia de Europa. A comunicação social insiste em simplificar o que exige tempo para ser analisado. Segundo os principais meios de comunicação social, o plano de Tsipras ainda era pior do que o de Junker, embora o plano de Juncker fosse para 5 meses contendo 8 mil milhões de euros de austeridade e o de

Imperfeições

Desde a eleição Syrisa (mesmo coligado com o Anel) que este partido e o país têm sido alvo de todas as críticas, ora por se tratar de um partido extremista (a social-democracia e a defesa dos cidadãos que se representa são afinal valores extremistas), ora porque o país é atrasado e preguiçoso. O Syrisa está há escassos meses na governação e o seu trabalho tem sido o de conter o desastre que se abateu sobre o seu país. O Estado grego precisa de ser modernizado, diz-se. É verdade. Não será o único do contexto europeu a ter essa necessidade e para isso é necessário tempo e estabilidade - coisas que a Grécia não tem tido. Outra crítica aplica-se à evasão fiscal e à corrupção - críticas feitas amiúde por aqueles que se calam perante os paraísos fiscais e desvarios da alta finança que são comuns em países que fazem parte da UE. Mas também neste particular da evasão fiscal e corrupção, o Syrisa deu início a políticas de combate à fuga de impostos e à corrupção, mas mais uma vez é necessá

E agora PSD/PS?

A questão grega pode vir a baralhar as contas nas eleições legislativas que se avizinham e contrariamente à opinião dominante, creio que a coligação PSD/PS sairá sempre a perder, independentemente do desfecho grego. Se a Grécia conseguir qualquer coisa de positivo, designadamente a reestruturação da dívida, os portugueses colocarão questões sobre a postura do Governo português ao longo destes quatro anos - uma postura de total subserviência e, em muitos aspectos, de aprofundamento das políticas destrutivas impostas pela troika. Neste cenário não chega dizer que a culpa é do PS e que se resolveu o problema com a saída da troika. Todos sabem que a troika nunca saiu verdadeiramente do país. Na verdade, há quem se questione sobre as razões que levam o Governo português a não fazer mais pelo país. Por outro lado, se a Grécia sair do euro, as consequências para Portugal não serão desprezáveis e a anódina linha de argumentação da coligação poderá não ser suficiente para conter o que para

A teimosia da Europa

A Europa mostra uma irascibilidade crescente em relação à Grécia. O referendo do passado domingo apenas veio agravar essa irascibilidade misturada com uma teimosia que custará caro à própria Europa. O BCE, cujas funções são discutíveis, mas claras, age como punidor da Grécia, recusando aumentar a linha de emergência aos bancos gregos, empurrando a Grécia para uma situação real de colapso do seu sistema bancário. Será esta a função do Banco Central Europeu? O homem da Goldman Sachs, Mario Draghi, parece pensar que sim. Resta saber se esta postura do BCE não pode ser contraproducente e resultar num conjunto de consequências jurídicas accionadas pela Grécia contra esta e outras instituições europeias. A Grécia está a ser claramente empurrada para fora do euro, mas existem tratados que não podem ser ignorados. A Grécia, governada pela esquerda, não é bem-vinda no clube europeu - um clube, mais do que uma união, trata-se de um clube em que os seus membros tem de ser neoliberais ou próx

Varoufakis

Depois da surpresa do referendo grego, agora a saída de Yanis Varoufakis, o ministro das Finanças grego. A ideia passa por combater a animosidade criada entre "credores" e responsáveis políticos gregos. Segundo a comunicação social, alguns ministros das finanças e responsáveis europeus não apreciavam o ministro das Finanças grego. Assim, procedeu-se a uma substituição, com o Governo grego a pretender mostrar que está de boa-fé, embora em rigor, o ministro Varoufakis jamais terá manifestado estar de má-fé. De qualquer forma, lamenta-se a saída de alguém que contribuiu para uma mudança na forma de se ver a política que deixou de ser tão cinzenta e estéril. Varoufakis mostrou ser um homem dotado de uma personalidade singular e pujante; Varoufakis mostrou saber estar mais perto dos cidadãos, e a par de Tsipras, revelou ser a antítese dos políticos que proliferam por essa Europa. Espera-se que a sua demissão não implique o seu desaparecimento. A história seguramente não o esq

O oxi venceu

Para surpresa de muitos, o não (oxi) venceu e com uma margem significativa. O povo grego tem ainda um longo e árduo caminho pela frente, porém vai fazer esse mesmo caminho com a sua dignidade restaurada. As instituições europeias e a esmagadora maioria das lideranças dos Estados-membros de países que compõem a Zona Euro mostraram estar-se as tintas para a democracia e não vão desarmar, sobretudo agora que o Syrisa vê a sua legitimidade reforçada. A ideia de que a Grécia já nem faz parte da Zona Euro vai fazendo também o seu caminho. Como? Empurrando o país para essa eventualidade, tendo em consideração que os tratados não contemplam essa possibilidade. Por cá, a mesquinhez das nossas lideranças, aliada a uma subserviência confrangedora afunda-nos na miséria enquanto nos rouba a dignidade. Para estes, a vitória do oxi merecerá os comentários mais abjectos – os mesmos que são proferidos pelos comentadores do costume que vão procurando “fazer opinião”. A Grécia deu indubitavelmen

Referendo

Se tudo correr de acordo com o previsto, os gregos serão chamados, no próximo domingo, a se pronunciarem sobre o acordo que as instituições europeias e FMI tentaram impor. Ou seja, serão chamados a conceder ou não a sua anuência a mais cortes nas pensões, a aumento de impostos, a uma não solução para a dívida, a mais empobrecimento e à perpetuação da escravatura. Nesse mesmo referendo estarão implícitas questões aparentemente mais abstractas: sucumbimos ao medo? Aceitamos mais humilhações? Preferimos uma solução aparentemente mais confortável de aceitação incondicional ou preferimos a rejeição e as consequências desconhecidas? Nesse mesmo referendo, os gregos serão chamados a se pronunciarem sobre as armadilhas montadas contra a Grécia como o caso dos lucros do BCE. O que terão os gregos a dizer sobre o facto do BCE reter indevidamente 1,8 mil milhões de euros referentes à fatia que cabe à Grécia - um valor que seria suficiente para pagar os 1,5 mil milhões que o FMI reclama? O qu

O infortúnio dos outros

Alguns de nós dão-se bem com o infortúnio dos outros e ainda se dão melhor com exercícios de pretensa superioridade e frequente menosprezo por quem se bate pelos princípios mais elementares de justiça. Assim se passa com a questão grega. A fúria que se instalou em Portugal, e não só dirigida, ao governo grego e aos próprios gregos é desproporcionada e amiúde irracional, quando eles apenas tiveram a coragem de fazer aquilo que nós somos incapazes de fazer.  Aconteça o que acontecer, o povo Grego ofereceu-nos lições que não se coadunam com a cegueira das lideranças europeias e com a exiguidade de pensamento de alguns cidadãos. Pouco interessa conhecer a origem da dívida grega e os negócios subjacentes; não interessa discutir o domínio da banca que contrasta com a miséria do povo; pouco relevância terá discutir a forma como a Grécia foi coadjuvada no processo da criação da dívida pela finança e por Estados-membros interessados em fazer negócios ruinosos; esqueçamos que o dinheiro o

OXI

O medo e a chantagem até podem vencer o referendo de domingo na Grécia, mas este país fez mais pela democracia do que todos os restantes Estados-membros juntos. E será este mesmo país a preencher as páginas da História que não tem o hábito de perder tempo com exercícios de pusilanimidade. Não falo grego e até ontem desconhecia o significado da palavra “oxi” (nao), porém se fosse grega participaria no referendo do próximo domingo e sem hesitações escolheria “oxi”. Oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; Oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; Oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; Oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; Oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; oxi; Oxi; oxi; oxi