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Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2008

Movimentações dentro do PSD

O Diário de Notícias deu conta, esta semana, de movimentações no seio do PSD com o claro objectivo de contestar e, em última instância, destronar, a liderança de Manuela Ferreira Leite. O jornal referiu a possibilidade de um grupo dentro do PSD levar a cabo acções de contestação e da possibilidade desse grupo reunir o número de assinaturas suficientes para pôr em causa a actual liderança. Estas movimentações antecederam um mau episódio protagonizado por Ferreira Leite. Esta semana, a actual líder do PSD escreveu um artigo no jornal Expresso no qual criticava o silêncio do primeiro-ministro relativamente aos últimos acontecimentos relacionados com a onda de criminalidade que assola o país. O problema reside no facto de Ferreira Leite ter feito do silêncio a pedra de toque da sua estratégia política. São estas contradições que dão força à oposição interna que, paulatinamente, fragiliza de forma indelével a liderança de Manuela Ferreira Leite. As movimentações dentro do PSD terão seguram

Obama e a economia

Depois da convenção democrata, é agora a vez de Barack Obama se dedicar apenas a uma frente – as eleições para a presidência dos EUA. Mas para tal, é imperativo que Obama mostre aos americanos que tem um verdadeiro plano económico para recuperar a economia americana. Esse plano é condição sine qua non para a vitória dos candidatos à presidência americana. Ambos os candidatos já mostraram aos americanos umas linhas gerais sobre política económica: McCain, o candidato republicano, insiste no liberalismo económico aliado a um crescente proteccionismo; enquanto que Obama tem aflorado, tenuemente, a questão da regulação, mas não explicou ainda, por exemplo, como vai aumentar os serviços sociais que visam os americanos mais desfavorecidos, sem aumentar impostos. Com efeito, são estas questões que podem decidir uma eleição. Neste contexto, Obama deve apostar seriamente na economia. E mais não seja porque os americanos atravessam um período manifestamente desfavorável, e muitos americanos estã

Aumento da insegurança

Este ano tem sido marcado pelo aumento da sensação de insegurança, mesmo que as estatísticas indiquem um aumento insípido da criminalidade. Em traços gerais, surgiram, nos últimos meses, novo tipos de criminalidade, a maior parte dela violenta. Já não se trata de um qualquer empolamento levado a cabo pela comunicação social, mas antes uma realidade nova com a qual o país não está habituado a lidar. O aumento da insegurança terá, seguramente, custos políticos para o Governo que se mostra incapaz de fazer face ao surgimento de uma criminalidade violenta. A ideia com que se fica é a de que o Governo não tem capacidade de lidar com o problema. Não chega reiterar o apoio dado às polícias, nem mesmo um reforço policial será suficiente, embora a criação de unidades especiais com capacidade para lidar com criminalidade violenta seja de uma enorme proficuidade. É fundamental rever-se toda a panóplia de leis, algumas delas alteradas recentemente, que estão repletas de contradições e que permitem

Confronto com o Ocidente

O Presidente da Federação Russa, Dmitri Medvedev, reconheceu a independência das regiões georgianas da Ossétia do Sul e da Abkházia. Esta decisão do Presidente russo deteriora seriamente as relações entre a Rússia e o Ocidente. Além do reconhecimento da independência das duas regiões, o Presidente russo frisou não ter qualquer problema em regressar à guerra-fria. O discurso de Medvedev põe em causa um regresso à normalização entre as relações russas e ocidentais. Com efeito, parece caminharmos a passos largos para um intensificar do tom entre UE, NATO, EUA e a Rússia. O aproveitamento russo de uma situação criada pelo presidente georgiano, ao ter intervindo na Ossétia do Sul, leva necessariamente ao aumento da hegemonia russa na região e a um inevitável isolamento internacional. O Presidente russo não parece, porém, particularmente preocupado com a questão do isolamento da Rússia no panorama internacional. A União Europeia e os Estados Unidos acabaram por provar o seu próprio veneno: a

Jogos Olímpicos

Os Jogos Olímpicos estão a decorrer num quadro de relativa normalidade. Fala-se muito de desporto, de medalhas, de conquistas, de proezas. Afinal de contas, é mesmo disso que se trata. Pelo meio caíram as críticas ao regime chinês, dando-se maior ênfase à competição propriamente dita. E o mundo acaba por esquecer, momentaneamente ou não, o desrespeito pelos direitos humanos que a China comprometeu-se em melhorar. Já aqui se dissertou sobre a janela de oportunidade aproveitada pela China para mostrar ao mundo a sua modernidade e para mostrar ao povo chinês que o regime se encontra vivo e de boa saúde. Lamenta-se, porém, o silêncio que obnubila a natureza nefasta do regime. A visibilidade dada ao evento foi aproveitada, num primeiro momento, para mostrar ao mundo essa natureza nefasta. Entretanto, os protestos contra a violação dos direitos humanos no Tibete e contra o desrespeito sistemático dos direitos humanos na China deram lugar ao silêncio e, porventura, ao esquecimento. Os Jogos O

Ainda o silêncio do PSD

Ângelo Correia, ex-Presidente da Mesa do Congresso da direcção de Luís Filipe Menezes, criticou a perpetuação do silêncio da actual líder do partido, enquanto simultaneamente apelou para a união e mobilização do partido. Ângelo Correia tem dado ao partido um importante contributo. A sua acção política é, aliás, caracterizada pela seriedade e pela coerência. As suas críticas terão seguramente algum impacto na estratégia adoptada por Manuela Ferreira Leite. Ferreira Leite não abdica de seguir uma estratégia de silêncio que não tem tido efeitos positivos no eleitorado. Segundo alguns analistas, esta estratégia é deliberada e pretende fazer uma clara demarcação do estilo mais efusivo e demagógico do primeiro-ministro. De facto, não se exclui a possibilidade de Ferreira Leite pretender demarcar-se do primeiro-ministro. Mas essa demarcação teria de ser também no conteúdo e não apenas cingir-se a uma questão de estilo. É possível que a estratégia de silêncio mais não seja do que uma tibieza d

Notas por notas

Este é o resumo do anúncio do Governo de atribuir um prémio em dinheiro aos melhores alunos. O Governo prepara-se assim para recompensar os melhores alunos no Dia do Diploma. A questão tem passado relativamente despercebida na comunicação social, embora seja reiteradamente abordada nos blogues. É curioso verificar a inépcia de quem nos governa e a forma como se rende a manobras vistosas mas desprovidas de interesse. Ora, a atribuição de 500 euros aos melhores alunos vem na linha de outras manobras propagandísticas que são formas bacocas de escamotear os falhanços clamorosos em matéria de educação. De um modo geral, é mais fácil entreter os cidadãos com estas manobras vistosas do que empreender políticas que permitam aumentar a qualidade do ensino. Neste contexto insere-se também a distribuição de computadores portáteis. Aparentemente esta parece ser uma política cuja importância é indiscutível, mas não é preciso olharmos atentamente para vislumbrarmos o vazio que

Relações difíceis: NATO-Rússia

As relações entre a NATO e a Rússia podem sofrer uma significativa mudança. Depois da intervenção militar russa em território georgiano e as ostensivas relutâncias da Rússia em abandonar a Geórgia, a NATO responde com uma ameaça de mudança da natureza das relações entre a organização e a Rússia. Os EUA têm encabeçado o coro de críticas sobre a intervenção russa na Geórgia e o não cumprimento da retirada deste Estado soberano. As relações entre a Rússia e os Estados Unidos sofreram uma acentuada deterioração, isto não obstante o Presidente russo ter já vindo avançar uma data para a retirada das tropas. O governo russo viu uma janela de oportunidade de reforçar o seu poder e influência numa região marcadamente estratégica. Paralelamente, a Rússia deu um forte contributo para a já complicada relação com a NATO, ao ter intervindo militarmente num Estado soberano. Resta saber até que ponto as relações entre a NATO, com os Estados Unidos à cabeça, e a Rúss

O momento de Sarkozy

O Presidente francês e Presidente em exercício da União Europeia foi um dos principais impulsionadores do anódino plano de paz, mas ainda assim um plano de paz, para resolver o conflito entre a Geórgia e a Rússia. Foi interessante ver a capacidade de negociação e mediação do Presidente francês, numa altura em que o mundo anseia pelo regresso das lideranças políticas fortes. Sarkozy fica bem na fotografia porque mostrou que a União Europeia não é totalmente desprovida de capacidade de intervenção em assuntos externos de grande complexidade. Além disso, Sarkozy que tem tido algumas dificuldades no seu país, mostrou uma enorme agilidade e sensatez no que toca ao conflito entre a Geórgia e a Rússia, Dir-se-á que o plano de paz contém assinaláveis fragilidades que não podem ser descuradas. Todavia, é preferível um plano de paz embrionário do que a escalada do conflito. As próximas semanas e meses serão determinantes para se perceber o real impacto de um acordo de paz cozinhado pelo Presiden

O precedente do Kosovo e a guerra no Cáucaso

Numa altura em que a guerra no Cáucaso não parece dar tréguas, impõe-se a discussão sobre o precedente que o Kosovo criou. Quando o Kosovo declarou unilateralmente a sua independência, a questão foi imediatamente levantada. Este blogue não foi excepção, e o problema foi abordado com especial insistência. A guerra no Cáucaso vem trazer novamente à colação o problema que a independência do Kosovo criou. Relembre-se que esta região que fazia parte integrante da Sérvia declarou a sua independência porque contava com o efectivo apoio dos EUA. O território sérvio acabou assim por ser amputado com o claro beneplácito dos Estados Unidos e de alguns Estados-membros da União Europeia. Portugal é, ainda, uma saudável excepção. Hoje evoca-se, como era esperado, o precedente do Kosovo quando se discute o problema da Ossétia do Sul e da Abkhásia. Nestas circunstâncias, os EUA sublinham a importância da integridade territorial da Geórgia quando noutras circunstâncias foram os principais incitadores

O erro da Geórgia

A intervenção militar da Geórgia na Ossétia do Sul e a subsequente resposta militar da Rússia poderão ter consequências onerosas para a Geórgia. Em primeiro lugar importa referir que a posição do Presidente georgiano, Saakashvili, é, neste momento e doravante, periclitante. A decisão do Presidente georgiano de adoptar uma posição mais musculada face ao Ímpeto independentista da Ossétia do Sul poderá custar-lhe a presidência. Em segundo lugar, as consequências para a Geórgia poderão ser trágicas e, em muitos aspectos, já o são. Existe uma clara desproporção entre o poderio militar da Geórgia e da Rússia e seria expectável que caso a Geórgia interviesse militarmente na província da Ossétia do Sul – quase um protectorado russo, apesar de fazer parte integrante do território georgiano – a resposta russa não se faria esperar. Além do mais, a Rússia e, Vladimir Putin muito em particular, terá visto uma janela de oportunidade para consolidar a sua influência na região; exercer uma clara manif

Conflito na Ossétia do Sul

O conflito entre as forças da Geórgia e o movimento separatista da Ossétia do Sul tem vindo a recrudescer. A isto acresce um aumento da conflitualidade entre a Geórgia e a Rússia, acusada de apoiar as intenções separatistas da Ossétia do Sul. O governo georgiano acusa a Rússia de ingerência numa matéria que considera ser doméstica e acusa ainda o contingente de paz na região de promover ideias independentistas. A crescente animosidade entre os dois países pode tomar outras dimensões, o que aliás o dia de ontem demonstrou. Além disso, a Geórgia mantém a sua vontade de integrar a NATO, contra a vontade da Rússia, que vê nesta integração uma aproximação indesejada a um território tradicionalmente do seu domínio. Os dois países estão à beira da guerra. Tanques russos entraram em território georgiano para apoiar os separatistas. A força aérea russa tem vindo a bombardear a Geórgia, e Moscovo defende-se afirmando que o exército da Geórgia assassinou soldados seus e afirma pretend

Os melhores jogos de sempre

A frase em epígrafe traduz o desejo do regime chinês relativamente aos Jogos Olímpicos que hoje se iniciam. Aliás, o regime chinês não poupou esforços no sentido de fazer destes jogos uma forma de mostrar ao mundo a modernidade e capacidade de organização de um país que é, no mínimo, controverso. A controvérsia surge na sequência das políticas chinesas no que diz respeito às minorias, nomeadamente o caso do Tibete, mas o ostensivo atropelo aos direitos humanos, a supressão de liberdades, as prisões políticas são mais alguns ingredientes que justificam a existência de um mal-estar colectivo sempre que se fala na China. É neste contexto que o regime chinês pretende mostrar ao mundo um outro lado da China; os Jogos Olímpicos são, assim, uma excelente plataforma para cumprir esse objectivo. Não admira pois que a China pretenda que estes sejam os melhores jogos de sempre, à margem de polémicas e de protestos. Trata-se, em suma, de uma tentativa de lavar uma imagem ne

Há quem não mereça uma segunda oportunidade…

…nem tão-pouco a liberdade. É o caso do terrorista basco, Juana Chaos, a quem foi concedida a liberdade. Dir-se-á que a justiça espanhola não será a mais eficaz ao permitir que alguém que matou dezenas de pessoas em nome de uma causa, e que nem sequer demonstrou qualquer arrependimento, possa sair em liberdade. Não há quaisquer dúvidas que a justiça espanhola falha ao condenar um terrorista que assassinou 25 pessoas a 3 mil anos de prisão, mas depois permite que o mesmo saia em liberdade, sem sequer cumprir 25 anos de prisão. A posição pode parecer inexorável, mas relativamente ao terrorismo e aos arautos desta forma inaceitável de “luta” não pode haver contemplações desta natureza. Se a lei está errada, deve equacionar-se uma rápida mudança dessa lei. O que não pode ser permitido é que alguém que comete atrocidades como aquelas cometidas pelo terrorista em questão possa sair em liberdade da forma que saiu. Além disso, há a incontornável questão dos familiares das

Escandinávia meu amor

A capacidade de nos deixarmos deslumbrar com outros países e outras realidades não cessa de crescer. Depois de Espanha, é agora a Suécia, a Finlândia, a Noruega, a Dinamarca e, em menor escala, a Islândia que nos fascina. O nível de desenvolvimento desses países associado ao bem-estar dos seus cidadãos faz um contraste inexorável com a nossa realidade. Consequentemente, pululam nos meios de comunicação social reportagens sobre a riqueza desses países – com o recurso incessante a comparações entre níveis salariais, salientando o bem-estar social que os verdadeiros Estados-providência proporcionam aos seus cidadãos. É certo que o primeiro-ministro português terá sido um grande impulsionador deste deslumbramento em relação à Escandinávia. Recorde-se como o modelo finlandês em matéria de educação era apontado como um exemplo a seguir por Portugal. Parece, contudo, que o fascínio governamental chocou com a realidade portuguesa. Hoje, já não se fala com tanta insistência no model

Obama superstar?

A nova estratégia de John McCain, candidato republicano à presidência norte-americana, parece apoiar-se na premissa de que denegrindo a imagem do seu opositor o sucesso será garantido. Para isso, a campanha do candidato republicano tentou colar a imagem de Barack Obama à de algumas celebridades como Britney Spears ou Paris Hilton, passando a mensagem de Obama não passa de uma celebridade e deixando dúvidas sobre a sua capacidade para liderar o país. Esta tentativa de denegrir a imagem do seu opositor político não é nova nas campanhas eleitorais para a presidência norte-americana, e raras vezes produziram resultados positivos. Na verdade, a estratégia de McCain demonstra alguma fraqueza de espírito de um candidato que não se cansa de relembrar o seu passado impoluto e corajoso e a sua rectidão. Além do mais, a popularidade de Obama, mais visível fora de portas, não deixará certamente de incomodar McCain. Há poucas semanas, o candidato democrata, Barack Obama, visit

Mês de Agosto

O mês de Agosto é sinónimo de férias, mas é também sinónimo de abrandamento substancial da seriedade e da solenidade que caracteriza o resto do ano. Talvez essa solenidade seja mais visível no mundo da política e dos políticos. Mas o mês de Agosto não é mais do que o zénite da silly season que, na verdade, começa muito antes desse mês, havendo mesmo quem advogue que a silly season não tem principio nem fim, perpassa o ano inteiro. O último momento digno de registo no que toca às actividades políticas foi protagonizado pelo Presidente da República. Mas nem esse último momento consegue contrariar o espírito do mês – afinal, falou-se em demasia da forma como o Presidente abordou o assunto, e raras vezes se discutiu o Estatuto Político-Administrativo dos Açores; nem tão-pouco se referiu o facto dos deputados terem aprovado, no Parlamento, o mesmo estatuto por unanimidade. Certamente que estes assuntos ficarão para Setembro Entretanto, recomenda-se o aproveitamento d

China, Jogos Olímpicos e Direitos Humanos

A pouco menos de 10 dias do início dos Jogos Olímpicos, a Amnistia Internacional vem alertar para o facto da China continuar a desrespeitar os direitos humanos, não obstante o compromisso de alterar a grave situação de ostensivo desrespeito dos direitos humanos. Em primeiro lugar, a China não respeitou um compromisso, beneficiando do estado de graça concedido pela comunidade internacional, cujos líderes lidam bem com esse desrespeito. É inadmissível que o regime chinês continue a utilizar todo o tipo de artifícios com o claro objectivo de impedir a liberdade de impressa e de expressão. Os dissidentes políticos continuam presos, a liberdade de expressão cerceada como forma de manter o regime inexpugnável. Em segundo lugar, a forma como a China actua no plano internacional padece de uma análise mais clara e mais ponderada. Senão vejamos: a acção do regime chinês em África caracteriza-se pela mais ignominiosa forma de salvaguardar os interesses do regime chinês, adoptando uma postura de d

Declaração de Cavaco Silva ao país

Depois de alguma expectativa criada em torno da declaração do Presidente da República ao país, Cavaco Silva escolheu falar aos Portugueses sobre as suas dúvidas relativamente ao Estatuto Político-Administrativo dos Açores. A expectativa subiu de tom, depois do Presidente da República ter interrompido as suas férias para fazer uma declaração ao país, e por não ser habitual Cavaco Silva fazer estas declarações. De facto, a expectativa criada em torno da comunicação do Presidente talvez tenha sido excessiva, não retirando, porém, qualquer importância ao Estatuto Político-Administrativo dos Açores. Não se tece críticas à demonstração do Presidente das suas preocupações, muito pelo contrário. Mas a forma como se aguardou e publicitou a declaração do Presidente pôde antever uma natureza das declarações que não coincidiam exactamente estas sobre os Açores. Alguns meios de comunicação social especularam sobre o teor das declarações do Presidente, e, com efeito, o Estatu