O segredo do sucesso desta legislatura, que agora se aproxima do fim, prende-se com a inexistência de uma maioria absoluta e da subsequente necessidade de se estabelecer acordos.
É bem verdade que a história da democracia portuguesa, e não só, está pejada de casos em que os acordos falharam, como a chamada "geringonça" só terá sido possível graças à existência de um adversário comum a toda a esquerda: o PSD de Pedro Passos Coelho, facto que desta feita não se repetirá.
O Partido Socialista já aparece com maioria absoluta em algumas sondagens e, embora António Costa não a apregoe com particular entusiasmo, é também evidente que uma maioria absoluta seria ouro sobre azul para o PS. Porém, o mesmo não se pode dizer para o país.
Uma maioria absoluta implica que os partidos à esquerda do PS deixariam de puxar a governação para a esquerda. Nesse contexto, o PS acabaria atraído pelo centro-direita, invariavelmente disfarçado com as vestes socialistas, mas muito longe das políticas de esquerda.
A ver vamos se o anódino debate que colocou frente-a-frente António Costa e Rui Rio lembrará ao eleitorado o quão indesejada será uma maioria absoluta.
Comentários