Dois dias depois da realização do congresso do PSD as vozes da discórdia fazem-se ouvir, designadamente Luís Marques Mendes e José Miguel Júdice. E se o congresso foi particularmente negativo para o recém-eleito Rui Rio, o dia seguinte não está a ser melhor.
Rio eleito para uma liderança de transição, mesmo que obviamente não admitida, não terá qualquer estado de graça, até porque há uma parte do partido que se sente excluído, sobretudo agora que já choraram o desaparecimento do pai Passos Coelho e que estão preparados para virar a página.
Por outro lado, Rio fez as piores escolhas possíveis, designadamente a vice-presidente, facto que terá provocado reacções negativas não só por parte dos apaniguados de Passos Coelho, mas de quase todo o partido. E as explicações estão longe de ser convincentes.
As democracias vivem de pluralidade, sobretudo no que diz respeito às escolhas políticas. A fragilidade do PSD não é uma boa notícia, mas não deixa de ser uma consequência directa de uma forte aposta na viragem à direita neoliberal, com a degradação das condições de vida de muitos cidadãos - uma ideologia que parece ter feito escola, não deixando espaço para aquilo que seja remotamente semelhante à social-democracia. Esse PSD não aceita Rui Rio e a sua social democracia mais ou menos.
E depois há a questão das pessoas, dos lugares, das inimizades, de quem criticou quem no passado e, claro está, dos interesses. Rio está a prazo.
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