O vice-director do Museu Nacional no Rio de Janeiro que sucumbiu a um incêndio responsabilizou a classe política pelo sucedido, designadamente pela sua falta de interesse e pela incúria. o Presidente Michel Temer lamentou e falou "em dia triste para todos os brasileiros". O certo é que 200 anos de História desapareceram assim, num ápice. Uma perda dolorosa e incomensurável.
A comunicação social refere que o Museu ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro sofria cortes orçamentais há pelo menos três anos. A falta de apoio por parte do Estado parece assim difícil de refutar. O desinteresse por parte de uma classe política corrupta e pouco apologista de tudo o que cheire a cultura nem sequer participou nas comemorações dos 200 anos da instituição, adiantou o vice-director, Dias Duarte.
Este é o caso talvez mais gritante de desprezo pela cultura, mas há mais e não estão naturalmente apenas confinados ao Brasil. Existe ainda um paradoxo interessante: por uma lado, a cultura está na moda, ou pelo menos fica bem falar em cultura e sobretudo em investimento na cultura; por outro na sociedade de consumo, na sociedade do instantâneo, poucos parecem dispostos a fazer mais pela cultura - palavra que parece conter em si mesma um mundo de possibilidades que poucos parecem dispostos a explorar.
De resto, não se podia esperar mais de políticos, que salvo algumas honrosas excepções, estão mais preocupados com o que se passa em torno do seu próprio umbigo que na verdade é o seu horizonte, não existindo mais para além disso. Agora chora-se a perda "incalculável" referida pelo Presidente Temer, para amanhã, ou no dia depois de amanhã tudo continuar essencialmente na mesma.
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