A Festa do Avante! está habituada às
polémicas, a começar pelas listas de convidados conterem amiúde
figuras da política internacional que não interessam nem ao diabo.
Este
ano a Festa conta com nova polémica envolvendo o livro do músico e
activista angolano Luaty Beirão, “Sou Eu Mais Livre, Então –
Diário de um Preso Político Angolano, que, segundo a editora
Bárbara Bulhosa foi excluído da feira do livro da Festa do Avante!.
O
PCP acusou a editora do “mais primário anticomunismo”, pouco
mais adiantando, sobretudo no que diz respeito à justificação dada
para excluir o livro: o mesmo incomodaria os camaradas do MPLA que
estarão presentes na Festa. Ao invés o partido preferiu chutar
responsabilidades para a editora Página a Página que gere a feira.
Sobra
um argumento para defender a existência de livros non gratos:
o espaço é privado e o partido, perdão, a editora, fazem e
escolhem aquilo que bem entenderem.
Todavia,
o que o partido, perdão, a editora, não percebem é que fica a
ideia indelével de se ter excluído deliberadamente por razões
meramente políticas, o que vai contra a defesa das liberdades de que
o PCP se orgulha, designadamente em pleno Estado Novo. É isto que o
PCP, perdão, a editora responsável pela feira do livro na Festa do
Avante! não percebem – nem a ideia indelével, nem as
contradições. E que cada vez que o Partido Comunista falar em
democracia são também estas contradições que acabam sempre por
vir ao de cima.
Finalmente,
livros non gratos já nem é coisa que se use.
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