A palavra, o conceito, a ideia, são considerados por
muitos coisa de um passado que já não regressa. Tudo terá morrido na primeira
metade do século passado. E apesar de alguns governos, sobretudo na
Europa, adoptarem o fascismo como base de governação, a UE continua
existindo como se nada fosse, como se nada fosse consigo.
Viktor
Órban, primeiro-ministro da Hungria, e o seu partido Fidesz, aprovaram
uma medida que visa criminalizar quem preste auxílio a imigrantes sem
documentos e assim acabar com o trabalho das ONG. Se isto não é fascismo
não sei o que será. Recorde-se que este é apenas um dos muitos
atropelos do Governo de Órban aos Direitos Humanos e que a família
europeia a que Órban pertence remete-se, uma vez mais, ao silêncio. Essa
família é o Partido Popular Europeu.
Em Itália, o ministro do
Interior, o execrável Matteo Salvini, quer recensear os ciganos para
expulsar os estrangeiros, mais uma lista, adiantando ainda que "quanto
aos ciganos italianos, talvez tenhamos de ficar com eles". Se isto não é
fascismo, não faço ideia o que será. Tudo se passa numa Europa cujas
instituições remetem-se a um silêncio inquietante.
Nos EUA, e
apesar da suposta atenção de Trump para o problema, separam-se crianças
das suas famílias, confinadas a gaiolas em armazéns. Se isto não é o
princípio do fascismo, não estou certa do que será.
Tem razão
Rui Tavares quando escreve que o fascismo está aí "inconfundível e
indesmentível". Perante tudo isto o silêncio, um silêncio e uma
conivência que também nos são familiares.
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