Camus dizia que o bacilo do fascismo nunca desaparece. Em Itália parece ser exactamente isso que está a acontecer com o recrudescimento dos partidos de extrema-direita e com a resposta da extrema-esquerda e subsequentes confrontos.
Com eleições marcadas para o próximo dia 4 de Março e com a extrema-direita bem posicionada para alcançar um resultado histórico, poucos estarão preocupados, pelo menos fora de Itália. Uma vez mais, a UE assiste de camarote ao espectáculo do circo a arder, com o seu ar de superioridade num contexto de manifesta displicência.
Recorde-se que no início do mês um membro da extrema-direita disparou contra imigrantes africanos e os partidos da extrema-direita incluindo a Força Itália de Berlusconi ao invés de condenarem os ataques e por aí se ficarem, optaram por responsabilizar os imigrantes pelo sucedido, colocando o ónus nas vítimas ao mesmo tempo que prometeram deportações em massa.
Itália vive um clima de acesa crispação, com agressões entre membros dos partidos de extrema-direita que escolheram agora o caminho da vitimização e partidários da extrema-esquerda, relembrando os anos 60 ou até finais dos anos 80, e subjacente estará um descontentamento generalizado dos cidadãos relativamente à política - uma velha forma de empurrá-los para os extremos, à margem da democracia.
Aguardemos pelos resultados das eleições de 4 de Março, mas os cenários não são de todo promissores.
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