Depois
do Diabo ter recusado um pacto com Pedro Passos Coelho -
aparentemente até o Diabo terá os seus critérios - a chamada
"geringonça" fez os seus dois anos.
Dois
anos passaram e mais do que olhar para o passado, importa olhar para
o futuro desta solução política, desde logo porque existem novas
variáveis na equação e outras que estão prestes a mudar. A
mudança de líder no PSD é uma variável a ter em conta, seja o
populismo de direita de Santana Lopes a vencer ou as ideias
anacrónicas de reedição de bloco central de interesses de Rui Rio
a conseguir a liderança. Seja como for a mudança estará a caminho.
De igual modo, essa mudança poderá provocar alterações de
comportamento no próprio Presidente da República que terá
particular simpatia pela ideia de um bloco central.
Por
conseguinte, o futuro terá forçosamente de passar pela manutenção
e consolidação da dita geringonça, por mais dois anos. De resto,
quer o PS, mas sobretudo os partidos à esquerda do PS terão bem
presente as mudanças que acima se refere e os perigos que as mesmas
acarretam para o projecto de mitigação da austeridade,
designadamente com a reposição de rendimentos. E se por um lado,
Passos Coelho funcionou como factor de união das esquerdas, o mesmo
deve com as mudanças que se avizinham, desde logo porque a que
ocorrerá no seio do PSD poderá significar uma mudança no próprio
Presidente da República.
Assim,
o futuro passa pela continuação, mantendo e aprofundando a
tentativa de não se comprometer as respectivas identidades dos
partidos que compõem esta solução política. Tarefa difícil,
reconhece-se, mas que na verdade tem sido alcançada com sucesso nos
últimos dois anos e importa ao PS cumprir os compromissos assumidos,
coisa que não fez neste orçamento de Estado.
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