O
afastamento dos filhos do ex-Presidente angolano José Eduardo dos
Santos das principais empresas do Estado, sobretudo da filha Isabel
dos Santos da Sonagol, são, aparentemente, sinais promissores.
Sinais de que João Lourenço, apontado como sucessor de Eduardo dos
Santos no MPLA e dos destinos do país, quer mudar Angola. Se esses
sinais podem significar uma verdadeira mudança já é, naturalmente,
e para já, uma incógnita. O que é certo é que até ao momento
João Lourenço fez mais de 60 exonerações, apelidado já de
"exonerador implacável".
Depois
de 38 anos de poder e de uma guerra civil, José Eduardo dos Santos
afastou-se da presidência, deixando os filhos em locais estratégicos
dos negócios angolanos. Até às últimas semanas imperou a ideia de
que João Lourenço mais não era do que a continuidade de Eduardo
dos Santos e nem se sonharia com os afastamentos agora verificados.
Porém, o novo Presidente angolano parece disposto a encetar
verdadeiras mudanças, começando exactamente pela prole de Eduardo
dos Santos. De resto, esses afastamentos emitem não só sinais
políticos, mas também económicos, com uma tentativa de estabilizar
a difícil economia angolana. E a julgar pela reacção de Isabel dos
Santos, o seu afastamento não terá sido minimamente esperado, o que
afasta teorias que apontam para um jogo combinado entre o actual
Presidente e o ex.
Por
outro lado, existe a questão militar, designadamente as cúpulas
afectas ao ex-Presidente. Esta é uma questão central se a ideia de
João Lourenço será mesmo a de mudança, o que fazer com essas
cúpulas? A transição será suave? Natural? A ver vamos.
Seja
como for, os sinais emitidos pelo Presidente João Lourenço nos
últimos dias são claramente positivos, agora se os mesmos se
ficarão apenas por algumas mudanças na prole de Eduardo dos Santos
ou irão mais longe é outra questão. Ainda assim e a julgar pela
rapidez com que João Lourenço encetou estas profundas mudanças,
mais poderão estar na calha. E já vai sendo tempo.
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