Páginas
de jornais, tempo de antena em abundância cuja finalidade é
retratar ou criticar a paródia em que se transformou a presidência
americana. Trump em visita oficial ao Japão transforma-se em mais
uma oportunidade de descrever as verdadeiras palhaçadas
protagonizadas por aquele que é incrivelmente o Presidente
americano.
Todavia,
essas páginas de jornais e tempo de antena e, claro está, críticas,
vídeos, fotos, etc na internet, constituem uma monumental perda de
tempo e, mais grave, acabam por dar um contributo decisivo para que
se desviem as atenções do essencial - a política.
Reconheço
que se torna irresistível não tecer uma crítica, não escrever
umas frases ou publicar uns vídeos ou fotografias das peripécias de
um Presidente que pensa poder dizer e fazer o que bem entende, tudo
num contexto da mais abominável mediocridade. Ainda assim, a nossa
incapacidade colectiva de não resistir a essa compreensível
tentação, reduz consideravelmente o espaço para que se discutam as
políticas desta Administração. Um bom exemplo foram os
acontecimentos dos últimos dias, designadamente um tiroteio numa
igreja no Texas e a viagem de Trump ao Japão. E o que é que um
acontecimento tem a ver com o outro? Tudo. O assassinato de quase
três dezenas de pessoas na igreja poderia representar mais uma
oportunidade para se debater e escrutinar as posições desta
Administração no que toca à questão das armas - e terá
sido, durante um curto espaço de tempo. No entanto, a viagem de
Trump ao Japão e o seu comportamento pueril vieram direccionar as
atenções para o que aconteceu no país do sol nascente. E novamente
páginas de jornais, tempo de antena e toda a internet se entretêm e
nos entretêm com o modo displicente como Trump alimentou peixes,
deixando a descoberta, uma vez mais, a paciência do
primeiro-ministro japonês.
E
desta forma continuamos a dedicar toda a nossa atenção, quase de
forma exclusiva, à parodia, descurando o essencial, o que serve o
próprio Trump e solidifica a sua base de apoio que recusa qualquer
espécie de reconhecimento de que talvez se tenha enganado e,
essencialmente, olha para Trump e vê o Presidente como sendo uma
vítima da comunicação social.
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