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partidos (CSU, conservadores sociais cristãos, CDU, partido
conservador liderado por Angela Merkel, os liberais do FDP e Verdes),
4 semanas de negociações. Resultado: zero. Não há acordo e muito
provavelmente a realização de novas eleições.
Terá
sido o FDP a fragilizar e inviabilizar o acordo conhecido por Jamaika
(correspondência das cores dos partidos com a da bandeira daquele
país). Contrariamente ao que se poderia esperar, as dificuldades não
vieram dos Verdes, partido que tem vindo a virar à direita,
rendendo-se aos encantos do neoliberalismo. Foi mesmo o FDP a colocar
um ponto final na questão.
Segundo
a imprensa, existiram dois temas quentes na agenda de negociações:
refugiados e clima, sendo que era neste último tema que os Verdes
procuraram reclamar a sua agenda ecológica. Mas terá sido sobretudo
a questão dos refugiados a colocar pressão numa ferida que parece
cada vez mais aberta e cujas receitas para que se verifiquem
melhorias não parece estarem ao alcance dos principais partidos. À
espreita está o AfD, partido de extrema-direita, que conseguiu mais
de 12 % dos votos e representação parlamentar, pela primeira vez. O
falhanço das negociações entre os principais partidos pode
efectivamente contribuir para um aumento da erosão dos mesmos, facto
que já se verificou nas últimas eleições, com a CDU e o SDP a
perderem eleitorado.
Será
na realização de novas eleições que reside esse perigo. Não
sendo possível a coligação entre os quatro partidos, a
possibilidade de Merkel solicitar ao Presidente novas eleições
volta a estar em cima da mesa.
Na
verdade a realização de novas eleições parece a hipótese mais
plausível. Não parece realista que Merkel governe em minoria, nem
tão-pouco existe essa tradição na Alemanha; nem parece provável
que o SDP volte atrás na palavra e aceite coligar-se com a CDU.
Restam, por conseguinte, novas eleições, nas quais não é de
excluir nova penalização dos partidos de governação, com
benefício para partidos como o AfD. Afinal de contas, sobra também
a ideia de que esses partidos não são capazes de se entender ou de
resolver problemas prementes e que promovem a divisão como é o caso
dos refugiados. O AfD está à espreita ansioso por uma nova
oportunidade.
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