Emmanuel
Macron não fora pródigo numa qualquer tentativa de esconder a sua
agenda neoliberal, designadamente no que diz respeito a questões
laborais. De um modo geral, poucas tentativas terá feito no sentido
de esconder a sua atracção pelo neoliberalismo. Durante a campanha
eleitoral o agora Presidente francês e ex-banqueiro assumiu uma
reforma laboral, filha orgulhosa do capitalismo selvagem e fortemente
contestada, que será agora plenamente executada.
A
dita reforma laboral promete flexibilizar despedimentos e
contratações, num registo velho e gasto onde a facilidade em
despedir sobrepõe-se invariavelmente à facilidade e vontade em
contratar. Paralelamente, a reforma de Macron prevê ainda limites às
indemnizações em caso de despedimento e uma mudança de paradigma
com patrões e trabalhadores a negociarem sem a intervenção de
sindicatos, numa clara tentativa de enfraquecer o sindicalismo
francês - um dos mais sólidos do mundo.
Infelizmente
para o próprio sindicalismo e para a esquerda francesa, as divisões
proliferam, com apenas um sindicato empenhado em lutar contra esta
reforma laboral - CGT. As restantes organizações sindicais
preferiram uma postura menos combativa, e a própria esquerda
partidária afunda-se em divisões - um clima que favorece
naturalmente a posição de Emmanuel Macron que se dá ao luxo de
prometer resistir aos "preguiçosos, cínicos e radicais".
Na
verdade e neste contexto, os trabalhadores terão poucas hipóteses
de defender o modelo social francês, ou o que resta dele.
Entretanto, Macron goza o prato, entretido a mostrar-se externamente
como um líder europeu e internamente não escondendo a sua
verdadeira natureza: a de um neoliberal inveterado.
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