O
PSD pode ser muita coisa e paradoxalmente, parecer que não é nada.
Mas não é um partido com cariz xenófobo, longe disso. Ainda assim
é precisamente esse o caminho escolhido por Passos Coelho ao apoiar
o candidato Miguel Ventura, depois depois do dito Ventura ter
proferido palavras racistas, caindo nas generalizações abusivas da
praxe. O apoio de Passos Coelho transforma o PSD num partido que olha
com bons olhos para a discriminação racial - essa transformação
dá-se com o apoio a um candidato que não só é racista como faz
precisamente a apologia desta forma de discriminação. Um dia triste
para o PSD e no entanto uma experiência: pode ser que este caminho
seja mais profícuo do que os outros, gastos e que redundam
invariavelmente num asfixiante beco sem saída. Aparentemente é este
móbil que sustenta um apoio tão obtuso.
De
um modo geral, sabemos que esta liderança tem os dias contados, pelo
menos até aparecer algum com mais um por cento de substância do
Passos Coelho e, claro está, menos desgastado. Sabe-se igualmente
que precisamente por essa razão e porque a insignificância passou a
ser o horizonte, este líder e seus apaniguados estão dispostos a
tudo, desde clamar pela vinda de entidades medievais, passando pelo
aproveitamento político de desgraças e culminando naquilo que a
imaginação nos permitir. O que não se sabia era até onde Passos
Coelho estava disposto a ir para sobreviver. Agora sabe-se. Está
disposto a tudo, precisamente para evitar um desastre nas eleições
que se avizinham, incluindo aceitar um candidato racista, perfilhando
um populismo que está a fazer escola no outro lado do Atlântico.
E
foi precisamente do outro lado que Passos Coelho foi buscar uma
comparação. Há escassos dias o líder do PSD comparou António
Costa a Trump. Muitos esboçaram um sorriso jocoso. Mas menos piada
terá esta revelação: afinal de contas Passos Coelho apresenta mais similitudes com Trump do que se esperava, ao perfilhar e apoiar
posições racistas como o inefável Presidente americano não se
cansa de fazer. Ainda temos o hábito de dizer que já vimos de tudo.
Não vimos não. O desespero é isto.
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