Depois
do lançamento de um míssil balístico intercontinental que
carregava, segundo as autoridades norte-coreanas, uma ogiva "pesada",
a Coreia do Norte volta a sofrer uma forte contestação das Nações
Unidas e, evidentemente, dos EUA.
E
são precisamente os Estados Unidos a deixarem o aviso: estão
preparados para recorrer ao uso de força com vista a pôr término
ao desenvolvimento de mísseis nucleares por parte da Coreia do
Norte. E embora reforcem a necessidade de seguir a via diplomática,
os EUA e a Coreia do Sul lançam os seus próprios mísseis. E é
naquilo que resta de uma Guerra Fria esquecida que se assiste a
manifestações de força de ambos os lados.
Kim
Jong-un, líder da Coreia do Norte, aposta em demonstrações de
força que o aproximam de um lunático, mas com o objectivo de
garantir a sobrevivência do seu regime déspota. Depois do que se
passou em países como o Iraque, Líbia ou Síria, o líder
norte-coreano aposta tudo no desenvolvimento de mísseis de longo
alcance com capacidade nuclear e tentará dessa forma dissuadir
qualquer tentativa de ingerência americana ou até um cenário pior.
Os
EUA, por seu lado, têm na Presidência alguém que reage ao
lançamento de um míssil balístico intercontinental da seguinte
forma: "Há consequências para o seu muito, muito mau
comportamento". No passado, sobretudo com Bill Clinton e até
certo ponto com Barack Obama, os EUA procuraram não agravar o clima
melindroso existente quer entre as Coreias, quer entre a Coreia do
Norte e os seus vizinhos e também relativamente aos próprios EUA.
Bush, filho, reverteu o trabalho de Clinton, colocando a Coreia do
Norte no "Eixo do Mal" e agora de Trump pode-se estar à
espera de tudo, mesmo de tudo.
E
pelo meio está a China. O regime chinês dá sinais de algum
esgotamento de paciência em relação à sua protegida Coreia do
Norte, mas manifesta igualmente forte exasperação com os EUA que
insistem em que os seus navios de guerra naveguem pelos mares da
China. A Coreia do Norte deve, em larga medida, a sua existência
como regime ditatorial da pior espécie a uma China que dá sinais de
já ter sido mais compreensiva do que será hoje. Mais uma razão
para Kim Kong-un acelerar o seu programa de misseis nucleares por
forma a garantir a sua sobrevivência.
Com
efeito, ninguém quererá uma guerra na região, sobretudo quando o
armamento nuclear está em cima da mesa. A própria Coreia do Sul
será o primeiro país a não desejar essa guerra. E Trump? Não
sabemos. O que sabemos é que "haverá consequências para o
muito, muito mau comportamento" da Coreia do Norte.
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