Passos
Coelho não deixa escapar uma, mostrando-se implacável no que toca a
reclamar louros. Desta feita, o ex-primeiro-ministro lembra, com toda
a ênfase possível, que foi no seu Governo, e apenas no seu Governo,
que se baixou aquilo que é comummente designado por rendas
excessivas pagas à EDP.
De
fora do discurso exaltado de Passos Coelho, ficaram tanto o facto da
troika ter visado precisamente os Custos de Manutenção do
Equilíbrio Contratual (rendas excessivas), como o facto do seu
Governo ter feito manifestamente pouco, sobretudo em relação ao que
a própria troika pretendia, já para não falar na demissão do
secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, precisamente
resultado da pressão das eléctricas.
Quem
oiça Passos Coelho fica com a ideia de que o anterior
primeiro-ministro foi responsável por uma redução drástica das
tais rendas e pelo cerceamento da promiscuidade que existe há
décadas entre poder político e poder económico, no caso a EDP. A
redução drástica das rendas e o fim da promiscuidade é por conta
de Passos Coelho, sempre preocupado com a classe média e com os mais
pobres que viam as suas facturas de electricidade dispararem devido
às ditas rendas excessivas. Faz de conta que foi assim.
Vem
tudo isto a propósito das referidas rendas adicionais que o Estado
paga à EDP estarem agora sob investigação e do facto de António
Mexia e Manso Neto terem sido constituídos arguidos.
Os
vários Governos sucumbiram à dita promiscuidade, desde Cavaco,
Guterres, Barroso, Sócrates e Passos Coelho que mesmo sob pressão
da troika pouco fez, deixando mesmo cair um secretário de Estado por
pressão da EDP.
O
Governo de António Costa também ainda está por dar mostras de
querer seriamente uma solução para rendas que pesam obscenamente na
factura energética, fazendo com que os custos da energia em Portugal
sejam dos mais altos de toda a Europa.
Em
abono da verdade existe um partido político em Portugal tem vindo,
ao longo de largos anos, a denunciar a situação, apresentando
soluções para o problema: o Bloco de Esquerda. Este é o único
partido que merece reclamar trabalho feito nesta área. A ver vamos
se o Partido Socialista aproveita esse trabalho e coloca um ponto
final num dos maiores exemplos de promiscuidade entre poder político
e poder económico que tanto tem lesado os cidadãos. Entretanto,
Passos Coelho entretém-se, fingindo que esta também é por sua
conta, tal como no passado recente os números do desemprego sofreram
uma redução em consequência directa do trabalho feito pelo seu
Governo. Faz de conta.
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