A
frase de Lincoln "government of the people, by the people, for
the people" ainda se aplicará nos EUA? Ou será que um pequeno
grupo de oligarcas tem conseguido enfraquecer a democracia,
instalando a tão desejada concentração de poder nas mãos de
poucos?
Qualquer
análise do assunto produzirá resultados pouco animadores e, pior,
qualquer projecção de futuro apresentará cenários (muito
prováveis de se concretizarem) ainda menos animadores, agora com
Trump à frente dos destinos do país.
Curiosamente,
Trump apresentou-se como sendo um homem fora do sistema - político,
presume-se -, no entanto, Trump respira o sistema, ele é parte
significativa do sistema. Nada de bom à vista, portanto, bem pelo
contrário.
A
influência, através do dinheiro, das doações e dos lobbies, que
um pequeno grupo de pessoas tem quer na escolha, quer no desempenho
do Presidente dos Estados Unidos, congressistas, senadores e até
juízes do supremo aniquila a democracia, transformando-a no
exercício do poder por parte de um pequeno grupo de cidadãos. Na
verdade, que interesses é que os patrocinados pelo dinheiro vão
defender? Os interesses dos cidadãos ou os interesses de quem os
patrocina? Onde fica a democracia quando o povo deixa de ser
soberano? Quando os representantes políticos têm dívidas de
"gratidão" a grupos económicos ou a famílias influentes
e endinheiradas? Que democracia sobrevive a tantos lobbies?
Tudo
isto se agrava com Trump, para quem a democracia tem tanto valor como
o cesto de roupa suja. Alguém cuja legitimidade está mitigada,
procurando disfarçar o facto com o ritmo alucinante a que toma
decisões. Alguém que está muito longe de querer servir o povo
americano, até porque tem o seu próprio ego desmedido para servir;
alguém que, na melhor das hipóteses, quando o ego assim o permitir,
servirá a sua classe.
Resta
ao povo americano encontrar formas de recuperar o que é seu - a sua
soberania, a sua democracia, até porque as oligarquias não grassam
apenas no leste da Europa, na América do Sul ou em África.
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