A
ordem executiva assinada por Donald Trump que proíbe a entrada nos
EUA de cidadãos de seis países muçulmanos tem o condão de mostrar
que muitos, tantos, estão contra Trump, até membros do Partido
Republicano, entre congressistas e senadores. O autoritarismo de
Trump aliado a um narcisismo que só funciona em reality shows tem o
condão de mostrar uma sociedade civil americana viva, de que é
exemplo a ACLU (The American Civil Liberties Union), cidadãos, a
título individual, ou até empresas americanas.
Por
outro lado, Trump encontra outro óbice que pode muito bem ser
recorrente: o poder judicial, que, ao que tudo indica, desconhecia
existir. O agora Presidente americano está habituado a exercer uma
espécie de poder absoluto no mundo empresarial ou nos reality shows
e estará demasiado habituado a esses exercícios de prepotência.
Ora, a democracia não é consonante com esse género de exercício
de poder, mesmo tendo Trump um congresso republicano do seu lado e
muito brevemente o supremo tribunal. A democracia - sobretudo uma tão
pluralista como a americana - tem outras forças que Trump terá
esquecido, mas que se manifestam fervorosamente como se viu no
passado fim-de-semana.
Resta
pouco ao Presidente americano: uma franja da população que continua
a apoiá-lo - muitos já estarão arrependidos - uma parte do partido
Republicano que anseia por mais medidas contra o aborto ou contra as
minorias e os elementos de extrema-direita que ainda sonham com o
regresso do fascismo. O que é pouco, muito pouco, mas que empurrará
Trump para um intensificar de medidas totalitárias, amadoras, mas
totalitárias, como forma de legitimá-lo e fortalecê-lo. Pouco mais
lhe resta.
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