Barack
Obama proferiu o seu discurso de despedida relembrando que a
democracia "está sob ameaça, uma ameaça que não é de agora
mas sim latente, sempre que se toma a democracia como um dado
adquirido". O adeus emocionado de Obama é também um momento
triste para muitos americanos e para o resto do mundo que sabe que
esta despedida implica um novo começo com Donald Trump.
Obama
concluiu o seu discurso com "yes we can", "yes we
did". Até certo ponto. Não há dúvidas que Obama tentou.
Tentou no que diz respeito às alterações climáticas; tentou
exortar os cidadãos a participarem de forma mais activa na
construção da democracia americana (e voltou a exortá-los no
discurso de despedida); Obama evitou sucumbir aos pretensos encantos
dos mercados - de forma insuficiente, é certo. Nada de substancial
mudou. Obama tentou melhorar a vida de muitos americanos - o
Obamacare é disso exemplo.
Obama
tentou. Mas falhou, sobretudo no que diz respeito aos mecanismos de
regulação da finança, fez pouco, muito pouco. Falhou em muitos
aspectos da política externa americana que continua a ser belicista
e de ingerência, embora tenha dado passos importantes no
restabelecimento de relações com países como o Irão ou Cuba.
Falhou em Guantanamo. Mas falhou sobretudo porque não tinha espaço
de manobra para fazer mais e talvez não estivesse assim tão
interessado nas tão necessárias rupturas.
Ainda
assim, e com os todos os falhanços, o mundo vai sentir a falta de
Obama, designadamente da sua sensatez, dos seus equilíbrios e da sua
simpatia - tudo o que Donald Trump não tem e não é.
Adeus
Obama, apesar de tudo, o mundo vai sentir a tua falta. Já sente.
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