Depois
de uma boa notícia – a derrota da extrema-direita na Áustria –
veio a bomba: o primeiro-ministro italiano, depois de uma inequívoca
derrota no referendo por si proposto, demite-se.
Ora,
a instabilidade política criada pela demissão de Matteo Renzi
traduz-se na forte possibilidade de novas eleições e de uma vitória
de um partido ou movimento que leve a plebiscito a continuidade
italiana no Euro. Conhecendo-se a evolução ou ausência da mesma na
economia italiana nestes anos de moeda única e conhecendo-se também
o sucesso de movimentos e partidos populistas, não será difícil
adivinhar o resultado.
O
movimento 5 Estrelas de Beppe Grillo parece o mais bem colocado para
uma vitória, mas quem se propõe governar Itália acompanha Grillo
nas fortes críticas à UE e ao Euro e parece disposto a levar a
referendo a continuidade na moeda única. Matteo Renzi acabou por ser
o maior foco de estabilidade para a Europa. Mais do que eventualmente
se julgaria.
Depois
do Brexit, e da incerteza ainda reinar no seio europeu, uma eventual
saída de Itália da moeda única coloca em causa a própria, de
forma indiscutível. As ondas de choque não se ficarão pela Europa
e de uma coisa podemos estar certos: vivemos tempos de incerteza e
tudo indica que ainda não se começou a aprender a lição: o
neoliberalismo condiciona fortemente as políticas económicas dos
países, deixando os governantes sem respostas para os seus cidadãos,
tornando a política aparentemente redundante e deixando o vazio
disponível para ser ocupado pelo populismo, pelo ódio, pelo
discurso contra os políticos. A Zona Euro foi paradigmática. O
resultado será desastroso.
Comentários