A
não aplicação de sanções a Portugal e Espanha teve, claramente,
muito mais a ver com a instabilidade política em Espanha do que com
Portugal. Ou seja, inadvertidamente, beneficiámos dessa mesma
instabilidade. Quem da mesma não retira qualquer benefício são os
espanhóis.
Na
verdade, em Espanha ninguém se entende e o Rei não é propriamente
uma figura que possa procurar os consensos necessários. A esquerda
mantém-se desunida, com tergiversações de todas as partes, na
direita o PP e o Ciudadanos continuam afastados e um bloco central
está fora de questão. O que resta? Um PP isolado, sem maioria. Tudo
na mesma. Estão reunidas todas as condições para a marcação de
novas eleições.
Porém
o que é curioso tem a ver com o facto de se baralhar as cartas e
voltar a dar para sair o mesmo resultado: um PP sem maioria e um PSOE
mais enfraquecido, enquanto o Podemos pode sair ligeiramente
fortalecido, mas não o suficiente. E o que é também curioso
prende-se com a escolha dos espanhóis, pelo menos de uma parte muito
significativa: o PP, invariavelmente envolto em escândalos de
corrupção, continua a ser o partido escolhido para governar o país
vizinho. Uma escolha que merece uma análise mais aprofundada tendo
em vista a compreensão de um fenómeno que é, no mínimo, estranho,
sobretudo quando nem o próprio Rajoy escapa a esses escândalos de
corrupção.
Comentários