João
Soares, ministro da Cultura, escreveu na sua página de Facebook, que
teria de procurar o colunista Augusto M. Seabra e Vasco Pulido
Valente para umas "salutares bofetadas". Tudo porque o
ministro da Cultura não sabe conviver com a crítica, para além de
manifestar uma óbvia dificuldade em aceitar o pressuposto da
pluralidade de opinião – central na democracia.
Tudo
se torna mais grave por se tratar de um ministro que tem de estar
preparado para viver de forma "salutar" com a diversidade
de opiniões e com as críticas. João Soares mostrou não estar
preparado.
Com
efeito, o actual Governo tem manifestado a intenção de fazer
diferente, comparativamente com o anterior Executivo de Passos
Coelho, e João Soares não pode ser a excepção.
Este
episódio das bofetadas é manifestamente infeliz e revelador de uma
cultura que insiste em não desaparecer: a dificuldade na aceitação
da crítica num contexto onde ela deve existir, mesmo que nem sempre
seja manifestada da melhor forma, ou será que João Soares não sabe
que democracia é sinónimo de pluralismo? Ameaças, ainda para mais
proferidas por um ministro não são aceitáveis. Refute as críticas
com argumentos e não com ataques pessoais execráveis, sobretudo
quando visam atingir não a fragilidade dos argumentos, mas sim a
fragilidade das pessoas.
Por
outro lado, o ministro João Soares não terá consciência de que
existe um vasto conjunto de jornalistas ávidos por situações
comprometedoras por parte deste Governo? Para quê dar-lhes pano para
mangas? Ou será o ego de João Soares mais forte do que o sucesso
deste Governo? Ou será que João Soares quer ficar conhecido como o ministro Bofetadas? A resposta a estas perguntas foi dada mais tarde, com o pedido de demissão de João Soares e com a anuência de António Costa. Parece-me que um pedido de desculpas sério teria sido suficiente, mas talvez seja esta uma forma de António Costa encontrar alguém mais adequado para a pasta da Cultura.
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