A
frase em epígrafe repete-se. São demasiados os episódios em que as
instituições europeias e a sempre presente Alemanha mais não
conseguem fazer do que transpirar hipocrisia. A UE que convive
pacificamente com paraísos fiscais, sobrecarregando os trabalhadores
e pequenas empresas, os mesmos que sustentam as infraestruturas e
serviços essenciais ao funcionamento das empresas que se multiplicam
em paraísos fiscais, é a mesma UE que só conhece uma tecla, gasta
e empenada - a tecla da austeridade.
A
música já a conhecemos - é triste e repetitiva. Mas é ao som
desta música que a UE, designadamente a Zona Euro, espera que
Portugal dance. A UE e Passos Coelho que da sua toca lá vai
espreitando para ver se as coisas estão a correr mal, para depois
não ter outro remédio que não seja voltar para a toca, agarrar-se
à cenoura ou ao telemóvel, lamentando-se do seu fado.
A
mesma Europa que sabe que os paraísos fiscais são responsáveis não
só pela sobrecarga fiscal dos trabalhadores, olha para o outro lado
quando estas práticas insidiosas promovem as desigualdades,
desvirtuam a concorrência e minam as democracias, sem que exista
qualquer espécie de vantagem económica, excepto, naturalmente, para
aqueles que escolhem estes mecanismos. Ainda assim, a UE,
designadamente os países que compõem a Zona Euro, com a Alemanha à
cabeça, tocam invariavelmente a mesma música, a tal conhecida por
austeridade até à morte. Entretanto, fecha-se os olhos, faz-se
figas e espera-se que os paliativos do Banco Central Europeu protelem
o inevitável fim.
Por
cá, Costa resiste. Contrariamente ao seu antecessor que fora da toca
onde se encontra hoje rejubilava com cada medida de austeridade.
E
por falar em hipocrisia, o que fazer com entidades públicas que têm
aplicações financeiras em paraísos fiscais? Ou seja, o que fazer
quando é o próprio Estado a ter dinheiro em offshores? Em Junho do
ano passado eram 167 milhões. A legitimidade do Estado cobrador de
impostos sai beliscada quando o próprio Estado procura regimes
fiscais mais favoráveis.
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