Os
portugueses estarão seguramente cansados de passar cheques, o último
terá sido ao Banif. Assim sendo, compreende-se ainda menos o facto
de muitos se prepararem para passar mais um cheque, desta feita em
branco e cujo destinatário é Marcelo Rebelo de Sousa.
Trata-se
de um cheque em branco porque o candidato mais bem colocado para
vencer as eleições evita opinar sobre o que quer que seja e quando
o faz insiste na superficialidade dos seus comentários. Noutras
ocasiões os parcos comentários colidem com o que o
comentador/candidato presidencial dizia há escassos meses, como foi
com o caso do SNS em que se viu Marcelo transformado num acérrimo
defensor do SNS quando há pouco tempo elogiava o ministro Paulo
Macedo e impingia a justiça dos cortes na saúde.
Marcelo,
com a ajuda da comunicação social, criou um boneco simpático, com
uma mensagem aparentemente simples, quase conciliador. Sem
contraditório e dono e senhor de um espaço televisivo em horário
nobre, Marcelo fez o seu caminho. É conhecido, embora as suas ideias
não sejam assim tão claras como se pretende de um candidato à ao
cargo de Presidente da República. É uma cara familiar e simpática,
não mais do que isso. Um cheque em branco.
As
sondagens mostram Marcelo confortavelmente à frente de qualquer um
dos outros candidatos. Na área política do Partido Socialista
impera a divisão entre Maria de Belém e Sampaio da Nóvoa - uma
nada diz de substancial, o outro conta com a parcimónia dos tempos
de antena. Esta divisão culminará com a vitória de Marcelo Rebelo
de Sousa. Se Maria de Belém estivesse remotamente interessada na
vitória de um candidato da esquerda, desistia. Numa segunda volta
Sampaio da Nóvoa teria muito maior capacidade de agregar todos os
votos da esquerda.
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