Presos
a uma moeda sem qualquer futuro, escravos de uma dívida
incomensurável e agarrados à ideia da pequenez, Portugal volta a
receber os senhores da Troika. O regresso era anunciado e o incómodo
o esperado. Ainda assim, parte da comunicação social procura tirar
dividendos da visita com o objectivo de pressionar o governo,
destacando a aversão da troika às medidas minimamente
expansionistas apregoadas por António Costa. Em suma, assistimos aos
comentadores do costume a salientar que tudo isto pode correr muito
mal e eles de facto esperam que corra tudo pelo pior.
A
comunicação social, boa parte, a mesma que se deleitou com a teoria
da inevitabilidade, a tal que fez ecos da ideia de que os portugueses
viveram acima das suas possibilidades, vê com bons olhos a chegada
da troika e os olhares de desconfiança das agências de rating - as
que falharam clamorosamente as notações financeiras. Esta é a
comunicação social que, longe do rigor que se lhe exige, anuncia
que "Bruxelas chumba Orçamento de Estado".
Passos
Coelho, por sua vez, alimenta a esperança de que tudo corra mal ao
governo socialista apoiado pelos restantes partidos de esquerda e que
a curto ou médio prazo seja chamado novamente para governar o país.
A torcer para que o sonho de Passos Coelho se torne realidade estará
boa parte da comunicação social. Pelo o caminho o deputado Passos
Coelho tem os seus acólitos, dos quais se destaca Maria Luís
Albuquerque, a profetizarem todo o género de desgraças ao mesmo
tempo que passam uma esponja por um passado tão recente. A
desfaçatez não tem limites.
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