Avançar para o conteúdo principal

"Descrispação", consensos e vazios

Incapazes de refutar as críticas dos adversários, Marcelo afirma ser um homem de consensos, que pretende "conciliar" a esquerda e a direita (bloco central?), e Maria de Belém alguém que se propõe encetar uma "descrispação".
De Marcelo ficarão as prestações nos debates, sobretudo naquele que opôs o comentador a Sampaio da Nóvoa. Nesse debate viu-se um Marcelo quezilento, pouco habituado a ser contrariado, incapaz de debater o que quer que seja. Recorde-se que o comentador/candidato, para além da deselegância manifestada nesse e noutros debates, acabou por adoptar uma postura pueril transformando o debate num exercício exasperante, designadamente para quem assistia. Argumentos como o não envolvimento de Sampaio da Nóvoa em partidos políticos, a sua alegada falta de experiência política ("ninguém passa de soldado raso a general) e o pretenso dinheiro que o candidato "desconhecido" terá gasto na campanha foram profusos. Assistiu-se a um debate deplorável, mas esclarecedor no que diz respeito à propensão de Marcelo para os consensos.
Maria de Belém, entre um lar de idosos e outro, entre uma frase obtusa e outra, quer investir na "descrispação"(?), quando a sua prestação ao longo destas semanas é de um vazio inaudito para quem tem tanta experiência política e governativa.
Aliás, o vazio de ideias é comum a ambas candidaturas, tanto a de Marcelo como a de Maria de Belém. Um vazio que se torna francamente confrangedor.
Não falamos evidentemente de um poder executivo, trata-se da Presidência que representa também o mais alto cargo da nação, o que pressupõe critérios na escolha do candidato. O vazio seguramente não será um desses critérios porque se assim fosse teríamos uma segunda volta entre Marcelo e Maria de Belém: campeões da vacuidade.

Nota e pequeno desabafo: O meu corrector ortográfico insurgiu-se reiteradamente contra o texto em epígrafe. Os meus agradecimentos a Maria de Belém.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa

A morte lenta de democracia

As democracias vão morrendo lentamente. Exemplos não faltam, desde os EUA, passando pelo Brasil. No caso americano cidades como Portland têm as ruas tomadas por forças militares, disfarçadas de polícia, que agem claramente à margem do Estado de Direito, uma espécie de braço armado do Presidente Trump. Agressões, sequestros, prisões sem respeito pelos mínimos que um Estado de Direito exige, são práticas reiteradas e que ameaçam estender-se a outras cidades americanas. Estas forças militares são mais um sinal de enfraquecimento da democracia americana. Recorde-se que o ainda Presidente ameaça constantemente não aceitar os resultados que saírem das próximas eleições, isto claro se perder.  No Brasil a história consegue ser ainda pior e mais boçal. A família Bolsonaro e as milícias fazem manchetes de jornais.  Em Portugal um partido como o "Chega" é apoiado por proeminentes empresários portugueses, como a revista Visão expõe na sua edição desta última sexta-feira. A democr