É natural que depois de um período
eleitoral se discuta quem venceu e quem saiu derrotado. Todavia, o
resultado das eleições legislativas de domingo traduz-se mais em
vencidos do que em vencedores.
É também evidente que a coligação
PàF venceu as eleições, na medida em que foi a solução política
mais votada, mostrando assim que o medo continua a fazer as suas
vítimas. No entanto, a vitória da coligação foi também e
paradoxalmente uma derrota: a perda da maioria absoluta pode
inviabilizar uma solução política ou pelo menos condicionar a
governação. Será curioso verificar como é que expoentes máximos
da arrogância vão passar o tempo a pedinchar compromissos.
Quanto ao Partido Socialista só se
pode falar de derrota. Depois de anos de austeridade cavalar, a
inépcia dos responsáveis do partido, aliada à presença física, e
não só, de figuras que já não merecem confiança por parte do
eleitorado, e ainda a tal preponderância do medo, contribuiu para
uma derrota sem refutação possível. Resta ao PS o consolo de ver a
coligação perder a maioria absoluta.
Se queremos falar de vitória só o
podemos fazer fazendo alusão ao resultado do Bloco de Esquerda que
conseguiu um feito histórico provando que o anúncio da sua morte
havia sido claramente exagerado. Importa fazer também uma referência
ao Partido dos Animais e da Natureza que conseguiu a proeza de eleger
um deputado – também este um feito histórico.
O resultado destas eleições é, em
suma, constituído por uma multiplicidade de derrotas e pela
incerteza que a nova constituição do Parlamento gera. Confesso ter
dúvidas que a coligação sem maioria absoluta possa governar por
mais quatro anos.
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