O
líder da bancada parlamentar do PSD, Luís Montenegro, proferiu
afirmações em tempos que permitiam perceber que o país era uma
coisa e as pessoas outra. Segundo o ilustre parlamentar, o país
estava melhor, as pessoas é que nem por isso. O líder da bancada
ainda procurou retratar-se, mas a frase ficou para a posteridade das
imbecilidades. Por aqui e noutros lados, acredita-se que o que é
melhor para as pessoas também o é para o país, até porque o país
é, evidentemente, as pessoas.
E
o melhor para o país e para as pessoas é uma solução política de
esquerda. O cepticismo e o niilismo vão fazendo as suas vítimas -
são muitos, incluindo aqueles que criticaram o governo da coligação
- que não vêem com bons olhos essa referida solução de esquerda.
Confesso que amiúde tenho dificuldade em perceber as pessoas. Alexis
de Tocqueville deparou-se com o receio dos homens perante a mudança:
"Não consigo evitar o receio de que os homens cheguem ao ponto
de ver em toda a teoria nova um perigo, em toda a inovação um
problema penoso, em todo o progresso social um primeiro passo para a
revolução, e se recusem terminantemente a mexer-se".
Ora,
aquilo que pode ser a melhor solução - pelo menos no que diz
respeito ao preservação do Estado Social, pensões, salários - é
visto invariavelmente com uma suspeição inquietante. Também nestas
questões da política é preciso ter fé, sobretudo nas pessoas.
Caso contrário, não acabaremos com os impasses e dificilmente
conseguiremos construir o que quer que seja em cima de tanta
desconfiança.
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