Há
muito a dizer do trabalho da coligação que sustentou o governo:
empobrecimento, aumento das desigualdades, enfraquecimento do Estado
Social, excitação desmesurada e doentia com a austeridade, mas o
regresso do obscurantismo em todo o seu esplendor merece também
discussão. De um modo geral, estes últimos quatro anos e meio foram
caracterizados por um inaudito retrocesso na cultura, educação,
ensino superior, ciência e tecnologia, comprometendo desta forma
quaisquer tentativas no sentido do desenvolvimento do país.
Se
das eleições que se avizinham sair um governo de esquerda
voltaremos seguramente a sair desse obscurantismo que é sobretudo
ideológico. Os programas da esquerda e qualquer perspectiva empírico
nos revelam que as artes e humanidades, a cultura, a ciência,
tecnologia e inovação são sectores que merecem uma incomensurável
importância comparativamente com a direita atávica que nos tem
governado.
Deslumbrada
com indicadores económicos, assentes tantas vezes em números
martelados, a direita de Passos Coelho e Paulo Portas levaram-nos
para um obscurantismo asfixiante e comprometedor. Essa mesma direita
- a tal que se excita com indicadores económicos trabalhados -
esqueceu ou nem sequer consegue percepcionar que esses indicadores
económicos só serão verdadeiramente consolidados em contextos onde
floresce a cultura, a criatividade, a ciência, a investigação e
tudo aquilo que eles quiseram liquidar.
É
também isto que está em causa no próximo da 4 - a saída do
obscurantismo que é essencial para qualquer ideia de desenvolvimento
que nos permitirá voltar a sonhar com um futuro e sair desta espécie
de trevas.
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