Catarina Martins, líder do Bloco de
Esquerda, tem sido, de longe, quem melhor tem discutido as questões
mais pertinentes ao longos dos debates. Mostrando ser a líder mais
bem preparada para discutir com a profundidade que, diga-se em abono
da verdade, possível nos actuais formatos televisivos. Primeiro com
Paulo Portas e depois com Pedro Passos Coelho. No primeiro, Portas
não teve argumentação para fazer face à sua adversária; com
Passos Coelho Catarina Martins confrontou o ainda primeiro-ministro
com as mentiras em torno do BES, a insustentabilidade da dívida ou a
famigerada questão do “plafonamento” na Segurança Social. A
propósito de Segurança Social, continua a ser particularmente
difícil não rir quando Passos Coelho profere essas palavras:
“Segurança Social”. Assim como terá sido difícil controlar
esses mesmos risos quando Passos Coelho falou no BPN e Catarina
Martins respondeu com Dias Loureiro e os elogios de Passos Coelho a
um dos principais responsáveis pelo BPN – o que poderá ser
interpretado como uma verdadeira chapada na cara de alguém que já
perdeu a vergonha.
Passos Coelho insistiu nas já
habituais falácias: falácia n.º 1 – em 2011 não havia dinheiro
para pagar salários e pensões; falácia n.º 2 – a recuperação
da economia, que é na verdade anódina e longe de chegar às
pessoas.
Catarina Martins, por sua vez,
salientou, uma vez mais, que o PSD/CDS escamoteiam as contas do seu
programa com o objectivo de esconder o jogo. De resto, depois de
Passos Coelho vencer umas eleições com base em mentiras, a
estratégia passa agora por esconder o jogo. Com efeito, ninguém
explica como é que o país vai continuar a pagar a dívida, se já
quase tudo foi privatizado e se não existirão cortes em salários,
pensões e Estado Social.
A verdade é outra: depois de
eleições, sobretudo com uma vitória do PaF, teremos mais
austeridade, privatização do resta (CGD e água), a continuação
da transformação social do país, continuação também do
enfraquecimento da democracia e consolidação do clima de
obscurantismo que assolou o país nos últimos quatro anos.
Catarina Martins havia sido
considerada por muitos como sendo uma fraca líder e agora parece
surpreender muitos que acreditam numa súbita transformação, quando
Catarina Martins esbarrou no escrutínio condicionante da comunicação
social. Em rigor, a comunicação social, em particular a televisão,
selectivamente mostrava uns escassos minutos da porta-voz do Bloco de
Esquerda, cuidadosamente escolhidos e editados, com o propósito de
alimentar a ideia de que Catarina Martins, à semelhança de outros
líderes também de esquerda, não conseguia ir além da “cassete”.
Catarina Martins não se transformou
subitamente, a diferença é que agora a comunicação social, muito
particularmente a televisão, não consegue esconder esta liderança.
E curiosamente passa-se exactamente o contrário com Passos Coelho:
as televisões não conseguem dissimular a mediocridade de Pedro
Passos Coelho.
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