A frase em epigrafe terá sido
proferida por Yanis Varoufakis, ministro das Finanças grego,
referindo-se aos ministros das Finanças espanhol e portuguesa,
depois das difíceis negociações da passada sexta-feira no
Eurogrupo. Uma ideia corroborada pela comunicação social alemã.
Compreende-se melhor, ainda assim, a
posição do ministro das Finanças espanhol, graças à ascensão
do Podemos que deixa PP e PSOE em pânico. Deste modo, o fenómeno
Syrisa torna-se ainda mais perigoso se tiver sucesso. Neste contexto
o ministro das Finanças espanhol tudo fez para dificultar a vida a
Varoufakis, procurando enfraquecer o fenómeno Syrisa.
A posição portuguesa é mais difícil
de explicar. Por aqui não se vislumbra um solução governativa
semelhante ao Syrisa. Por aqui manteremos os partidos do sistema na
governação. Provavelmente depois de PSD/CDS teremos o PS,
eventualmente coligado, no poder.
Todavia, e apesar de não haver o
perigo de termos um Syrisa, o Governo português, caracterizado pela
cegueira, misantropia e pusilanimidade, invariavelmente ao serviço
de interesses que não se coadunam com os interesses dos cidadãos,
mostra-se inquieto com o futuro próximo. Embora não exista o tal
perigo de um Syrisa português, existe a possibilidade dos eleitores
portugueses perceberem – aqueles que ainda não perceberam – que
a receita professada por Passos Coelho não só falhou, como é
absolutamente obtusa. A partir desse momento, pouco mais restará a
políticos como Passos Coelho do que esperar que a Alemanha lhes
atire um osso – leia-se uma ocupação para o futuro. Até lá haja
estômago para imagens como a que vimos esta semana com Maria Luis
Albuquerque quase no colo do ministro das Finanças alemão.
Vergonhoso e ridículo estão longe de caracterizar a postura do
Governo português.
Quanto à Grécia, que necessitava de
financiamento e sobretudo de mais tempo, é prudente aguardar pelos
próximos meses quando, provavelmente, países como Espanha já
tiverem eleições e, quem sabe, o Podemos; quando noutros países
europeus se aproximam de eleições legislativas; e quando a própria
Grécia tiver arrumado a sua casa, ao mesmo tempo que explora a
exequibilidade de novas fontes de financiamento num contexto de plano
B.
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