Os investigadores da Polícia
Judiciária fizeram uma denúncia que em bom rigor apenas
surpreenderá os mais incautos: a falta de meios de investigação
compromete os resultados em matéria de combate à corrupção, a
falta de meios consubstancia-se no carácter obsoleto dos
equipamentos informáticos, falta de recursos humanos e inexistência
de automóveis em condições de circulação.
Há anos que a Polícia Judiciária se
depara com esta gritante ausência de meios: existe um edifício
novo, mas falta o essencial. Procura-se pois fazer omeletes sem ovos.
Ou talvez estas prioridades nunca o tenham sido verdadeiramente.
Todos reconhecessem que a corrupção
compromete a própria democracia, mas a verdade é que a
promiscuidade entre poder político e poder económico sempre se
serviu dessa mesma corrupção e os partidos do "arco da
governação" nunca se empenharam no combate à corrupção. Não
existiu como não existe vontade política de combater um tipo de
criminalidade que tem implicações na forma como os negócios com o
Estado ou através do Estado têm sido levados a cabo.
Por conseguinte, insiste-se em fazer
omeletes sem ovos porque na realidade ninguém quer fazer essas
omeletes, talvez por existir demasiada gente envolvida e comprometida
com os negócios opacos e desastrosos para o país. Os problemas com
que se deparam aqueles que têm como incumbência a investigar crimes
de corrupção são de uma insignificância gritante para quem até
pode falar de corrupção, em meros exercícios de retórica, mas
jamais procurou combatê-la.
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