Se a discussão sobre a dívida
externa fosse meramente adiada em virtude do calendário eleitoral
estaríamos nós muito bem – a discussão acabaria efectivamente
por acontecer, seria apenas uma questão de tempo. Porém, não será
essa a situação – os partidos do “arco da governação não
querem que este seja um problema amplamente abordado e discutido.
PSD e CDS limitam-se a atribuir uma
componente moral à dívida, esquecendo, convenientemente, que esse
carácter moral – que pesa exclusivamente sobre o devedor – acaba
invalidado com o facto dos credores lucrarem com os empréstimos. E
que lucros!
PSD e CDS apoiam a parca discussão no
carácter moral: tem que se pagar o que se deve, embora tenham
deixado cair a tese ridícula e ofensiva de “viverem acima das suas
possibilidades”.
PS, alinhado com os partidos acima
referidos, demonstrando apenas ligeiras divergências, evita a
discussão porque esta implica, sobretudo à sua esquerda, a
preponderância de questões e posições pertinentes. O PS não quer
discutir a dívida, não quer tomar posições que em rigor não são
distintas daquelas manifestadas por PSD e CDS.
A dívida é o maior problema do país
– invalida o futuro e escraviza um povo. A dívida que merece ser
discutida, sobretudo quando se destaca um contexto de relações
desequilíbrios entre credores, dotados de uma capacidade
incomensurável de fazer valer as suas posições, e devedores,
reféns de políticos vendidos e de povos amedrontados.
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