O antigo primeiro-ministro ficará
para a História do país não só por ter sido derrubado por um
resgate impingido, desgastado por casos sombrios, mas também por ter
sido o único primeiro-ministro a ser preso - primeiro detido, depois
preso preventivamente.
Uns rejubilam, outros contém a
revolta. Eu procuro escrever cada palavra com cautela, com a maior
das cautelas. Desde logo por não conhecer o processo e por viver num
país em que a Justiça não explica, não informa, nem quando se
trata de um ex-primeiro-ministro. Depois por acreditar na presunção
de inocência e finalmente por considerar que este caso não é um
caso qualquer, mas antes um caso que afecta, talvez de forma
indelével, o próprio regime democrático. Não significa isto que o
regime se aproxima de um fim, mas que não escapará às
consequências da prisão de um ex-primeiro-ministro. Se me
perguntarem que consequências são essas, não saberei responder.
Lamento, simplesmente não sei.
Por aqui, neste mesmo blogue, Sócrates
foi alvo de críticas, fundamentadas na medida do possível. Errou,
abandonou as políticas de esquerda, alimentou a casta dominante. Por
isso foi criticado. Não o considero o "culpado disto tudo",
mas coloquei-lhe esse epíteto, devido ao facto de ser esse o único
argumento (falacioso) dos partidos do Governo. E se Sócrates já era
o "culpado disto tudo", não sei o que será quando a
poeira assentar e quando o politicamente correcto der lugar à fome
de lugares que caracteriza sobretudo os partidos do famigerado arco
da governação.
Não rejubilo com a,prisão de
Sócrates, nem tenho qualquer necessidade de conter a revolta. Apenas
aguardo e espero que tudo corra pelo melhor e que, já agora, os
jornalistas deixem cair o número 44, o cozido à portuguesa ou a
Metafísica de Aristóteles (não deixa de ser uma possibilidade de
leitura de José Sócrates).
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